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Defesa Civil interdita 8 barracos em Mauá
Sergio Campos
Do Diário do Grande ABC
14/01/2002 | 20:24
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  A Defesa Civil de Mauá interditou nesta segunda-feira oito barracos localizados na viela 18 da rua Raimundo Correa, na Chácara Maria Aparecida (região do Jardim Feital). A decisão do órgão foi tomada depois de um barraco ter sido atingido por um deslizamento de terra, durante a chuva de domingo. Os moradores não acataram a medida, apesar de saber que correm riscos, porque afirmam não ter para onde ir.

No barraco atingido mora a família do ajudante geral Antônio de Souza Campos. No momento do acidente não havia ninguém no barraco, que tem três cômodos (quarto, cozinha e banheiro), e por isso não houve feridos.

Porém, o quarto foi tomado pela terra e corre o risco de cair morro abaixo, junto com os demais barracos a sua volta. O medo dos moradores de que aconteça uma tragédia é grande porque, no mesmo local, três crianças morreram soterradas em outubro de 2001.

A família do ajudante aguardou até o fim da tarde desta segunda por uma ajuda da Prefeitura para encontrar novo local para morar, mas foi informada de que teria de conseguir um abrigo por conta própria. “Estou com minha família (mulher e três filhos – um bebê de três meses e duas meninas de 2 e 6 anos) na rua e não tenho para onde ir. A Prefeitura ao menos poderia arrumar um local provisório”, disse Campos, que não teve outra opção a não ser se abrigar nas casas dos vizinhos.

Desde o acidente com as crianças, em outubro, os moradores cobram da Prefeitura a implementação de obras de infra-estrutura no morro capazes de suportar as ações da chuva e garantir segurança para que continuem a morar na área. “Se ao menos fizessem canaletas para a água da chuva e o esgoto escoarem, já diminuiria a retirada de terra do morro, o que provoca os deslizamentos”, disse um dos coordenadores da associação de moradores, Eduardo Araújo.

Outros quatro pontos de encosta na Chácara Maria Aparecida apresentam locais de risco, com cerca de 200 famílias que invadiram os espaços vazios que haviam entre as 15 ruas do loteamento do bairro, criado em 1994. Metade dos invasores saíram de Diadema e outra parte de cidades da região Norte do país.

A Prefeitura de Mauá não tem infra-estrutura para atender pessoas desabrigadas, vítimas de enchentes e deslizamentos. De acordo com informações da assessoria de imprensa, a Defesa Civil tem um procedimento padrão, que é orientar os desabrigados a procurar abrigo em casa de familiares ou amigos, pois a administração não dispõe de espaços para recebê-los.

Quanto à demora da Defesa Civil para ir até o local de deslizamento, a assessoria informou que os integrantes do órgão tiveram de atender outras ocorrências no município, principalmente de quedas de árvores no Centro e deslizamentos que ocorreram também nos bairros Zaíra e Jardim Rosina, todos sem vítimas.

Informou ainda que a Defesa Civil ficará em estado de alerta para os pontos do município em que há construções em encostas.




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