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Morre Serafim Godinho, da Padaria Jardim Santo Alberto, aos 83 anos

Padeiro gerenciava comércio de família portuguesa, que conserva tradições como a caderneta e o forno a lenha aceso há 50 anos

Renan Soares
01/06/2024 | 21:03
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Seu Seraim mostrou padaria ao Diário em reportagem de 2018 (FOTO: André Henriques/DGABC 28/6/18)

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Morreu neste sábado (1º) Serafim Godinho, o Seu Serafim, aos 83 anos, um dos fundadores da emblemática Padaria Jardim Santo Alberto, em Santo André, após uma infecção hospitalar. Serafim, com seu irmão Luiz, fundou a padaria em 1968, tornando-a um ponto de parada obrigatório na Rua Evangelista de Souza e um verdadeiro reduto de tradições locais. O espaço foi destaque em reportagem do Diário no ano de 2018, por conservar tradições como a caderneta e o forno a lenha aceso há 50 anos. O velório será no cemitério Jardim da Colina, no Jardim Petroni, em São Bernardo, neste domingo (2), às 8h, com sepultamento às 11h.

Nascido na cidade de Porto, em Portugal, Serafim chegou a São Paulo em meados da década de 1940, acompanhado de seus sete irmãos e três irmãs. Com Luiz, foi o único da família que enveredou pela panificação, estabelecendo um legado que perdura há mais de meio século. Antes de abrir a padaria em Santo André, Serafim e Luiz tiveram outros pontos de venda, incluindo um estabelecimento no bairro do Glicério, na Capital, onde até o ex-presidente Jânio Quadros (entre 1961 e 1964) era freguês fiel, com tudo anotado na famosa caderneta.

A Padaria Jardim Santo Alberto é conhecida por manter suas tradições, como a produção de pães e doces no forno a lenha, aceso desde a inauguração, e o método da caderneta para clientes fieis. Após o falecimento de Luiz em 2002, a responsabilidade de gerenciar a padaria ficou com Elizete, filha de Luiz, ao lado do tio Serafim e dos primos. Márcio Godinho, filho de Serafim, seguiu os passos do pai, abrindo mão de sua carreira como economista para se dedicar à padaria. 

“Ele ficou um pouco mais de quase um mês na UTI. Teve que fazer uma cirurgia de hérnia e tinha várias comorbidades, teve uma infecção hospitalar e não aguentou”, relata o filho Márcio. “Meu super-herói nos deixou. A panificação brasileira está de luto hoje. Ele sempre foi um guerreiro. Chegou no Brasil e já foi direto para uma padaria, dedicando a vida inteira. Meu pai era um super pai, trabalhador, dedicado, com amor pela padaria e pela panificação. Ele nunca deixou faltar nada para nós e faz parte da história da panificação do Grande ABC.”

A dedicação de Serafim e sua família garantiu que a padaria continuasse sendo um local querido pela comunidade, vendendo milhares de pães diariamente e mantendo receitas exclusivas, como o panetone em formato de pão de forma. Serafim, um amante do futebol e orgulhoso de suas raízes portuguesas, lembrava frequentemente a todos que era da terra de Cristiano Ronaldo. 




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