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'Inteligência Artificial', de Spielberg, estréia no cinema
Patrícia Vilani
Do Diário do Grande ABC
06/09/2001 | 18:34
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O célebre cineasta britânico Stanley Kubrick trabalhou durante 20 anos no roteiro de um filme baseado no conto Super-Toys Last All Summer Long, de Brian Aldiss, sobre um robô-criança que sonha ser amado pela mãe adotiva. Durante esse período, consultou-se freqüentemente com Steven Spielberg, de quem ficou amigo em 1979. Foram poucas reuniões frente à frente, mas muitas ligações telefônicas e faxes. Morreu antes de ver seu projeto concretizado, mas certo de que ele estaria em boas mãos.

Spielberg assumiu a direção, uma idéia que já fazia parte dos planos de Kubrick. Ele queria apenas assinar a produção do longa, pois acreditava que a história estava mais para a sensibilidade de Spielberg do que a dele. Assim nasceu A.I – Inteligência Artificial (A.I. Artificial Intelligence, EUA, 2001), que estréia nesta sexta em dez salas do Grande ABC e em São Paulo.

O cineasta norte-americano também se arriscou a reescrever o roteiro – algo que não fazia desde Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977). Ele queria ser fiel ao estilo de Kubrick. “Foi como arrancar meu dente do ciso de novo, porque Stanley ficava atrás de mim dizendo 'Não faça isso!'. Me senti como se estivesse sendo conduzido por um fantasma”, disse Spielberg, por meio da assessoria de imprensa do estúdio Warner.

Certamente Spielberg parou de ouvir Kubrick no último ato de A.I., no qual há uma brusca mudança de narrativa e estilo. Mas os dois atos iniciais são primorosos e compensam o deslize. Há seqüências, cenários e personagens tipicamente kubrickianos, como o perverso menino Martin (Jake Thomas). A cena em que Monica (Frances O’Connor) se vira e vê as crianças na piscina, fazendo um giro ao redor de si mesma, também é uma marca registrada.

A trama de A.I. é passada em um futuro próximo, época em que os recursos naturais estão cada vez mais limitados, enquanto a tecnologia avança de forma assustadora. Para o casal Monica e Henry Swinton (Sam Robards), o conhecimento ainda não é suficiente para salvar a vida de seu filho, Martin, portador de uma doença terminal que permanece congelado até que se descubra sua cura.

Henry tenta aliviar a dor de Monica dando-lhe de presente um menino-robô, David (Haley Joel Osment), o primeiro da espécie programado para amar. David fora criado pelo professor Hobby (William Hurt) e é inovação entre os diversos tipos dos chamados meccas – a maioria programada para serviços domésticos, companhia, jardinagem etc. Isto é, existe um robô para cada necessidade e David completa a lista.

O professor Hobby, em uma das cenas iniciais, discute o assunto polêmico. Cria-se um mecca capaz de amar, mas como fazer com que um humano ame um robô, como uma mãe ama um filho? Atenção, porque essa será a tônica de A.I.. David é o filho ideal, um pouco esquisito no começo, mas que entra no ritmo da casa com o tempo. Monica acaba se apegando ao garoto-robô e até lhe dá de presente o ursinho Teddy, um super-brinquedo de Martin que parece ter vontade própria. Mas David a ama de verdade. E quando Martin é curado milagrosamente e volta para casa, a situação fica extremamente complicada.

O menino sente que perdeu espaço para o robô e logo começa a trabalhar para retomar seu lugar de filho único. Passa a aprontar todas para que a mãe devolva o concorrente para fábrica, onde seria destruído, já que ele não é capaz de amar outra família. E vários incidentes fazem com que Monica desista de David e o abandone em uma floresta, acompanhado de Teddy.

É onde David conhece Gigolo Joe (Jude Law), um fugitivo da polícia que caiu em uma armadilha. Joe é um mecca-amante hilário, feito para agradar as mulheres e cheio de frases feitas no repertório. É ele quem ajuda David em sua obsessão por encontrar a Fada Azul. Depois de escutar a história de Pinóquio, David passa a acreditar que ela seria a única a transformá-lo em um menino de verdade.




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