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Uma época de tensão na Europa
21/04/2010 | 07:00
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Só um avestruz e, claro, os cegos, como disse o surrealista alemão Max Ernst (1891-1976), não poderiam perceber a desgraça e a violência que flutuavam numa Europa entre guerras. A frase do artista se referia ao ano de 1933, quando ele pintou o quadro "Europa Após a Chuva" e ainda criou a famosa série de colagens gráficas "Uma Semana de Bondade", que, pela primeira vez, é apresentada no Brasil, em exposição aberta amanhã para convidados e na sexta-feira para o público, no Masp (Avenida Paulista, 1.578. Tel.: 3251-5644), em São Paulo.

Como no relato bíblico da criação do mundo em sete dias, Ernst desenvolveu a série-novela Uma Semana de Bondade, começando seus capítulos no domingo e terminando no sábado. Para cada um dos dias prevalece um tema e um elemento (a lama, a água, o fogo, o sangue, o negro, a vista e o desconhecido), retratados em cenas nas quais figuras humanas se transformam em híbridos de homem e animal (leão, dragão, pássaro e galo), tornando-se protagonistas ou espectadores de orgias, assassinatos, desgraças, terror e paixões. Surrealista que era, Ernst conduz as narrativas de tensões - com a Segunda Guerra a estourar - com elementos imaginários que expandem os significados de cada imagem, em preto e branco.

Com a mostra Max Ernst - Uma Semana de Bondade, se faz uma oportunidade única de ver reunidas as 184 obras que formam a série em sua totalidade, pertencente ao colecionador francês Daniel Fillipacchi. É uma exposição densa, que chega a São Paulo depois de passar por museus europeus.

"Uma Semana de Bondade não é de modo algum um exercício mais da vanguarda, nem um desenvolvimento dos princípios do surrealismo. É, ao contrário, uma obra determinante em si mesma, um dos trabalhos mais importantes do século", afirma Pablo Jiménez Burillo, diretor do Instituto de Cultura da Fundação Mapfre da Espanha, que promove a exposição desde Madri.

Em cartaz até 18 de julho, com ingressos a R$ 15. Às terças, a entrada é franca.




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