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'Munique' e 'Paradise Now' levam conflito do Oriente Médio ao Oscar
Da AFP
02/03/2006 | 22:08
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Dois filmes que concorrem este ano ao Oscar – 'Munique', de Steven Spielberg, e 'Paradise Now', do palestino Hany Abu-Assad - levam a Hollywood o conflito do Oriente Médio, e também a polêmica. Munique, um relato da reação israelense à tomada de reféns durante as Olimpíadas de 1972, recebeu cinco indicações, enquanto Paradise Now, thriller psicológico sobre dois jovens mecânicos que tentam realizar um atentado suicida em Israel, concorre ao prêmio de melhor filme estrangeiro.

Para especialistas, além da polêmica gerada pelas obras, é positivo que ambas estejam na corrida pelo Oscar em uma 'meca' do cinema cujos cargos executivos são dominados por judeus. O historiador David Slocum, da Universidade de Nova York, disse esperar que os filmes "ampliem o diálogo sobre a violência política, sobre o que significa viver em territórios ocupados, sobre como é se sentir ameaçado", questões que, segundo ele, foram "marginalizadas" do discurso público.

"Acho fantástico o fato de haver dois filmes candidatos a prêmios da Academia que abordem esses temas", comemorou Bill Daddio, professor de sociologia da Universidade Georgetown. Ambos acreditam que, ajudados pelo Oscar, os dois filmes contribuirão para que a sociedade reflita sobre esses temas.

"Paradise Now", considerado por muitos uma legitimação dos ataques suicidas, gerou um acalorado debate nas semanas posteriores a sua indicação em Hollywood, por ter sido apresentado como país de origem "Palestina". Fontes da Academia de Ciências e Artes Cinematográficas, que classificaram o filme de palestino na lista de indicações, confirmaram que estavam considerando mudar a denominação de país, possivelmente para 'Territórios Palestinos', para aplacar a polêmica.

"Houve conversas sobre a possibilidade de se referir ao filme como proveniente dos Territórios Palestinos, mas até onde sei, não houve nenhuma reunião do alto escalão a respeito", disse John Pavlik, diretor de comunicação da Academia. "Temos esperança de que a Academia corrigirá isso", disse Kenneth Bandler, do Comitê Judaico Americano.

Munique, longa de ficção inspirado em fatos reais, também gerou polêmica ao receber críticas das imprensas alemã e israelense, segundo as quais Spielberg teria colocado os terroristas palestinos no mesmo nível que os agentes secretos israelenses. O cineasta, de origem judaica, conta como os serviços secretos israelenses perseguiram e mataram os oito palestinos do grupo terrorista Setembro Negro, que seqüestraram atletas israelenses em 5 e 6 de setembro de 1972.

Consciente da polêmica, Spielberg rodou o filme em sigilo, proibindo os atores e cenógrafos de revelar qualquer detalhe à imprensa e oferecendo apenas uma entrevista, à revista semanal americana 'Time'. A mensagem do filme é, antes de tudo, humanista, reiterou Spielberg. "Não sou pretensioso a ponto de afirmar que proponho um plano de paz para o Oriente Médio a partir do meu filme", disse o cineasta à revista semanal 'Der Spiegel'. Munique concorrerá no próximo domingo em cinco categorias, entre elas as de melhor filme e melhor diretor.




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