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Anjos de Bike
Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
06/11/2011 | 07:15
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Nairo Barbosa/DGABC


 

Tirar o pó da bicicleta guardada e utilizar a magrela como meio de transporte para chegar ao trabalho ou à escola. A missão, que para muitos é assustadora, pode ser facilitada por um grupo de pessoas acostumadas a encorajar os ciclistas amadores a encarar o caos das ruas. São os chamados Bike Anjos, instrutores voluntários que acompanham e orientam as primeiras pedaladas dos ‘alunos' pelas cidades.

"A ideia surgiu quando percebemos que o principal motivo para que as pessoas trocassem o carro pela bicicleta era o medo do trânsito", conta o consultor João Paulo Amaral, 25 anos, um dos fundadores do projeto. Atualmente, 300 bike anjos estão espalhados pelo Brasil e a estimativa é de que cerca de 500 pessoas já receberam as orientações do grupo. Pelo site www.bikeanjo.com.br, os interessados podem solicitar as aulas gratuitas.

No Grande ABC, apenas dois voluntários fazem parte do grupo. Um deles é o comerciante Edmário Aljona, 36, ciclista desde a adolescência.

Acompanhado do ‘anjo', o repórter do Diário vestiu o capacete e subiu na bicicleta para enfrentar o grande movimento nas ruas de São Bernardo. Foram percorridos 4,5 quilômetros pela rua Marechal Deodoro e Avenida Brigadeiro Faria Lima. Apesar dos sustos e das buzinas ouvidas, o teste foi bem sucedido.

Em movimento, a lição fundamental é ser previsível para os motoristas, sinalizando com as mãos os próximos movimentos e manobras.

A próxima orientação é para que o ciclista não ande muito próximo à calçada. "Isso porque os motoristas vão querer passar pela mesma faixa, fechando a bicicleta ou jogando contra a guia", alerta Edmário.

Outra instrução é estar atento à movimentação dos carros, para não ser pego de surpresa. "Vale também para os carros estacionados, que podem abrir a porta e derrubar a bicicleta", ensina o ‘anjo'.

 

AÇÃO POSITIVA

A professora de Engenharia Urbana da Universidade Federal do ABC Silvana Zioni elogia a ação dos Bike Anjos. "Estimula a convivência entre ciclistas e motoristas. Isso faz com que aumente o respeito entre os que utilizam cada um dos meios de transporte."

 

Região planeja construir 44 km de vias para bicicletas

 

As prefeituras da região pretendem construir aproximadamente 44 quilômetros de vias exclusivas para ciclistas nos próximos anos. Os projetos incluem a criação de ciclovias e ciclofaixas. A diferença é que o primeiro modelo fica em espaço segregado, enquanto a segunda é posicionada na lateral direita da pista convencional para veículos automotores.

O projeto mais ousado é o de Mauá, que pretende criar 28 quilômetros para as magrelas. Em seguida vem Santo André, com 14,6, e São Bernardo, com 1,7. As demais prefeituras afirmam planejar a construção das pistas, mas não falaram em números.

Atualmente existem cerca de 21 quilômetros destinados à circulação de ciclistas na região. As mais recentes pistas inauguradas foram as das avenidas Washington Luís, em Mauá, e Tijucussu, em São Caetano. As vias têm extensão de 1,4 e 2 quilômetros, respectivamente. Ao contrário da faixa mauaense, a da Tijucussu só funciona aos feriados e fins de semana.

A equipe do Diário percorreu algumas pistas da região e constatou que os espaços são respeitados por motoristas. A procura, no entanto, é baixa. Na Avenida Presidente João Café Filho, em São Bernardo, apenas um ciclista foi visto utilizando a faixa em trinta minutos de observação durante o período da tarde. Em Mauá, a via exclusiva é mais usada, mas a faixa é estreita, sendo difícil a utilização simultânea por condutores em sentidos opostos. Outro problema está na ciclovia da Avenida Papa João 23, que não tem sinalização e a pista apresenta buracos.

 

BICICLETÁRIOS

O Grande ABC oferece 2.370 vagas nos bicicletários gratuitos da EMTU e da CPTM. O estacionamento de Mauá é o maior da América Latina, com quase 2.000 vagas. O presidente da ONG Ascobike, Adilson Alcântara, que administra o espaço, considera que deveriam haver mais garagens ao longo da via do trem. "Todas as estações periféricas deveriam ter bicicletário. Muita gente não usa a bicicleta por não ter onde guardar."

 

Tecnologias estimulam uso das magrelas

 

Despreparo físico ou falta de espaço para guardar a bicicleta não são mais desculpas para o motorista desistir de deixar o carro em casa e ir trabalhar pedalando. A tecnologia superou esses problemas e facilitou a vida de quem quer se tornar ciclista.

Para quem está destreinado, a opção é a bike elétrica. Com motor de 1000 watts, possui bateria com autonomia entre 20 e 40 quilômetros, dependendo das condições do solo. Para recarregá-la, basta ligar na tomada e esperar entre quatro e seis horas. Diferentemente das mobiletes, essas bicicletas não precisam de combustível, não fazem barulho e não emitem ruídos. Instalar o kit elétrico na bicicleta sai por volta de R$ 1.500.

O problema da falta de espaço pode ser contornado com a bike dobrável. Sem necessidade de chaves, a bicicleta pode ser reduzida de tamanho, o que facilita também o transporte do veículo. O modelo é vendido a partir de R$ 480.




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