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Museu Lasar Segall expõe 'O Mandarim Maravilhoso'
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
18/05/2004 | 20:12
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Uma das facetas menos conhecidas do pintor, escultor, gravurista e desenhista de origem lituana Lasar Segall (1891-1957), naturalizado brasileiro, é a de cenógrafo e figurinista. Criado para os festejos do 400º aniversário da capital paulista, o Balé do IV Centenário de São Paulo convidou Segall para conceber cenografia e figurinos de O Mandarim Maravilhoso, coreografia do húngaro naturalizado italiano Aurel von Milloss (1906-1988). O balé estreou em 1954, no Rio, pois o Theatro Municipal de São Paulo passava por reformas.

Nesta quinta, às 19h30, o Museu Lasar Segall abre a exposição O Mandarim Maravilhoso: Os Projetos Cenográficos de Lasar Segall Para o Balé do IV Centenário de São Paulo. A mostra perfila 31 guaches e desenhos aquarelados de Segall, criados especialmente para o espetáculo.

“Os projetos cenográficos e de figurinos são importantes na obra de Segall. E esse foi o último que ele desenvolveu”, afirma a diretora do Museu Lasar Segall, Denise Grinspum. “Como museus são espaços para a memória, a exposição é uma maneira de preservá-la de maneira intacta e de celebrar a importância do Balé do IV Centenário, que trouxe um grande crescimento na dança para a cidade de São Paulo. Foi um salto grande para nós.”

O argentino Ismael Guiser, por exemplo, dançou no Balé do IV Centenário e se radicou em São Paulo, tornando-se um dos nomes mais significativos para a dança no Brasil. Candido Portinari (1903-1962), Di Cavalcanti (1897-1976) e Flávio de Carvalho (1899-1973) estão entre os artistas convidados para desenhar cenografia e figurinos para os espetáculos da companhia. “Os projetos foram um desafio grande para aqueles que nunca os tinham feito”, diz Denise.

A mostra se divide em dois grandes módulos. “Além de duas pequenas maquetes, no primeiro há os projetos cenográficos, os desenhos de ambiente. Em outra sala, maior, estão os estudos de figurinos para os personagens e desenhos de cena que retratam os jogos de composição de personagem. Segall deve ter observado ensaios”, afirma Denise. A exposição contém, ainda, um vestido usado em cena: “É a única peça preservada”.

Uma vez que Segall se deixou influenciar pelo expressionismo, seu trabalho em O Mandarim Maravilhoso segue essa corrente. “Cenografia e figurinos satisfizeram Milloss porque encontraram um diálogo com o tom expressionista que há no balé, desde a música atonal”, diz Denise.

Diretor artístico da companhia, Milloss coreografou O Mandarim Maravilhoso, que fala sobre violência e pobreza, sob a música do húngaro Béla Bartók (1881-1945). “De uma maneira densa, o trabalho lembra a dramaticidade da vida urbana”, afirma Denise.

Iniciativa do empresário Ciccillo Matarazzo (1898-1977), o Balé do IV Centenário teve vida curta – foi dissolvido em 1955 pelo então prefeito Jânio Quadros (1917-1992), dois anos após sua criação. O Museu Lasar Segall trabalha em parceria com o Balé da Cidade de São Paulo, que está vertendo O Mandarim Maravilhoso para a dança contemporânea – João Andreazzi assina a coreografia, com estréia prevista para este ano.

O Mandarim Maravilhoso: Os Projetos Cenográficos de Lasar Segall Para o Balé do IV Centenário de São Paulo – Exposição. De terças a sábados, das 14h às 19h, e domingos, das 14h às 18h. No Museu Lasar Segall – r. Berta, 111, São Paulo. Tel.: 5574-7322. Entrada franca. Até 1º de agosto.




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