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Fraga nega que metas tragam de volta indexaçao
Do Diário do Grande ABC
02/07/1999 | 19:05
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O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, rebateu nesta sexta-feira as críticas de que o novo sistema de metas de inflaçao vai provocar a volta da indexaçao no país. Segundo ele, o governo sairá vitorioso mesmo que os preços convirjam para o patamar das metas, pois a tendência da inflaçao estabelecida pelo novo sistema é de queda.

"As metas mostram uma expectativa de inflaçao futura, nao olham o passado", explicou. "Antes se olhava para o retrovisor para fixar um preço, isso acabou."

O diretor de Pesquisa Econômica do BC, Sérgio Werlang, destacou que as metas vao servir apenas de referencial para a populaçao saber qual será a trajetória que a economia vai seguir no futuro. "Se fosse para indexar algo teríamos colocado meta zero", argumentou. Segundo Werlang, a medida que o sistema ganhar credibilidade junto a populaçao, a própria sociedade vai contribuir para o sucesso das metas.

Um dos pontos positivos do novo sistema, na opiniao de Fraga, é a maior transparência para a sociedade dos projetos e compromisso do governo. "Transparência exige compromisso e isso gera maior credibilidade, essa é uma equaçao que funciona", disse. O presidente contestou também as críticas de que as metas foram frouxas, deixando um espaço muito grande de manobra para o governo. Ele lembrou que o número estabelecido foi fruto de um trabalho de projeçoes que levou em conta uma série de indicadores e a tendência da economia internacional.

Fraga admitiu que a decisao do governo de promover um grande reajuste nas tarifas públicas agora também fez parte da estratégia de centralizar a pressao inflacionária neste ano. "Houve uma decisao de fazer esse tarifaço agora para que os ajustes sejam menos frequentes nos próximos anos", reconheceu.

Após anunciar as metas de inflaçao, uma das prioridades do Banco Central este ano será encontrar mecanismos para reduzir o custo dos financiamentos diretos ao consumidor. Werlang revelou que o BC formou um grupo de técnicos para estudar a disparidade entre as taxas de juros básica da economia (negociada entre o Banco Central e as instituiçoes financeiras) e as do crédito direto ao consumidor.

"O governo sabe que precisa desmontar as amarras que mantém os juros em alta, é preciso eliminar essa cunha", disse. "Mas, o desmonte será aos poucos, ao longo dos próximos dois a três anos, uma alteraçao rápida poderia gerar uma explosao da atividade econômica." Werlang explicou que a reduçao dos compulsórios ou a diminuiçao da cunha fiscal iria provocar um aquecimento da economia. O diretor ressaltou que outro fato que inviabiliza a queda dos juros ao consumidor é o baixo volume de recursos destinados a empréstimos ao setor privado. "Como o governo é deficitário, precisa de financiamento e deixa poucos recursos para ser destinados ao setor privado", disse. "Isso acaba elevando o custo do crédito para o consumidor brasileiro" ponderou.




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