No dia seguinte, chega à casa a jovem Jeanne (Lou de Laâge), namorada de Giuseppe, filho de Anna. Ela combinou com o rapaz de se encontrarem ali. Mas Giuseppe não está. E a mãe insiste com a moça para que fique, pois ele virá em breve. Não há outras pessoas na casa enorme, a não ser Anna, um velho empregado e, agora, Jeanne. O clima é de mistério e dor latente, que pulsa sem ser verbalizada.
O filme é baseado em Pirandello (1867-1936), o escritor siciliano de Seis Personagens à Procura de Um Autor, O Finado Matia Pascal, Esta Noite Improvisa-se e uma infinidade de contos, a maior parte ambientada na Sicília profunda. Pirandello era filho de Agrigento e seus relatos se amoldam magnificamente ao cinema, bastando lembrar de Kaos, dos irmãos Taviani, e do Matia Pascal, de Mario Monicelli.
Existe uma "ambiência" pirandelliana clássica, feita de algum grau de absurdo, mandonismo, paisagens magníficas, sangue, mulheres enlutadas, tensão social e sexual reprimida. Ingredientes que têm seu sabor realçado por alguma dose de humor que, como outros condimentos, tem de ser usado com parcimônia para não desandar o prato.
Esse clima, em parte, está presente em A Espera. Há um mistério em volta de tudo e não sabemos se Giuseppe voltará ou não. Neste caso, por que a mãe esconde o fato da namorada? Todos parecem saber de tudo, menos Jeanne, que acaba por se aproximar de Anna por alguns pontos comuns. A começar porque ambas são francesas. Depois, há entre elas um homem, Giuseppe, filho de uma, namorado de outra. É a ausência mais presente de todo o filme e estrutura a relação entre ambas. Boa estreia de Messina, num trabalho belo e um tanto frio.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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