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Biblioteca de Mauá não tem sede própria
Deborah Moreira
Do Diário do Grande ABC
16/11/2009 | 07:02
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Falta de sede própria; acervo escasso, antigo e ultrapassado e excesso de burocracia. Esta é a situação da Biblioteca Municipal Cecília Meireles, em Mauá. Há aproximadamente cinco anos está localizada no Green Plaza Shopping, região central. Dos nove títulos pesquisados pelo Diário, um terço não foi encontrado em suas prateleiras: Antologia Poética, Capitães da Areia e Vidas Secas.

"Tem um exemplar que deveria ter sido devolvido no dia 2 de setembro de 2005 e mais um no dia 28 de novembro de 2006. O outro deveria ter sido entregue até o dia 11 de novembro. Você pode fazer uma reserva", declarou a auxiliar da biblioteca que se identificou como Regina, referindo-se à obra de Graciliano Ramos.

Do livro de Jorge Amado havia um único exemplar e não foi possível fazer reserva. "Já tem uma reserva desse livro e não é possível haver mais de uma. Você pode voltar aqui na sexta-feira e reservar. Deve ter o livro em mãos daqui uns 15 dias", avisou Regina. O prazo médio do empréstimo nas bibliotecas é de 15 dias.

"Há pelo menos 13 anos a cidade não compra livros. Quando fiz parte da secretaria de Cultura quase sempre não havia orçamento. Quando tinha o valor era remanejado para outros gastos", disse Mateus Prado, também ex-coordenador de Cultura do município entre 1997 e 2003. Foi Prado quem alugou o espaço do shopping por falta de opção, segundo ele. Lembrou, ainda, que na década de 1990 foram cogitados dois endereços para a construção do prédio da biblioteca, que durante alguns anos permaneceu no Porão do Paço Municipal. Depois, migrou para o antigo prédio do Banespa, no Centro. A Secretaria foi procurada mas não retornou os contatos.

BIBLIOTECA ESCOLAR - Segundo bibliotecários ouvidos pelo Diário, a função da biblioteca pública não é de suprir, exclusivamente, as necessidades da educação formal (escolar). Mas, sim, a de informar e fomentar a leitura, a cultura e a produção artística, além de ter função recreativa e de lazer voltada para toda a comunidade. "Na ausência das bibliotecas escolares, que são poucas no Estado, todos acabam recorrendo às públicas. Porém, faltam profissionais e políticas de incentivo à pesquisa", ressaltou Prado. Para os especialistas, as bibliotecas escolares poderiam resolver uma parte considerável da falta de acesso ao acervo público.

Livro de Vinícius é mais difícil de encontrar

Dentre as nove obras procuradas nas bibliotecas, a mais difícil de ser encontrada foi Antologia Poética, revisada e aumentada. Trata-se de uma edição organizada pelo próprio autor em 1960 e que entrou para a lista da Fuvest e Unicamp neste ano.

Das oitos bibliotecas visitadas, quatro não tinham a obra em suas estantes: as de Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires, Mauá e Eldorado. "O título não foi adquirido, entretanto, havendo grande procura, poderemos providenciar a compra", informou a prefeitura de Rio Grande.

Segundo informe da organização dos vestibulares, divulgado em janeiro deste ano, as edições sucessivas da Livraria José Olympio Editora S.A., a partir de 1967, também valem para estudo.

Essa edição estava disponível na Biblioteca Malba Tahan, em Rudge Ramos, São Bernardo, a mesma encontrada na Biblioteca Circulante de Santo André, na Central de Diadema e na Paul Harris, de São Caetano.

"É importante ter acesso à essa edição porque tem poemas que as outras edições não têm. Foram modificadas pelos organizadores e pela família do autor. É a visão do autor sobre a própria obra. Muitos dos meus alunos compraram o livro novo por não ter usados disponíveis", contou Daniel Welber, professor de literatura do Cursinho Henfil.

Procura na internet e em sebos é boa alternativa

Para quem tem acesso à internet, a procura pelas obras para o vestibular pode se tornar mais fácil. Na página da Biblioteca Digital do governo federal (www.dominiopublico.gov.br), é possível encontrar os títulos, com exceção dos de Graciliano Ramos, Jorge Amado e Vinícius de Moraes.

A única biblioteca que disponibiliza acervo digital é a de Santo André. Porém, foram realizadas várias tentativas e em nenhuma houve permissão para visualizar o conteúdo. Algumas possuem blogs com informações gerais, incluindo atualização do cadastro de novas obras (como bibliotecaceciliameireles.blogspot.com e bibliotecasdiadema.wordpress.com).

Outra opção são os sebos que existem em todas as cidades. "Ao longo do ano temos picos de procura de determinado título. O estudante não procura todas as obras de uma vez ", revelou Felipe Pacobelo, dono do sebo de mesmo nome. O livreiro paga de R$ 1 a R$ 6 por cada obra do vestibular atual. Os valores para venda variam de R$ 8 a R$ 20.




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