Com a conclusão das obras da terceira etapa do Projeto Tietê para instalação de sistema de esgotamento sanitário no Riacho Grande, em São Bernardo, o governo estadual deu mais um passo para livrar a Represa Billings do esgoto despejado in natura na água de um dos principais reservatórios usados para o abastecimento de cerca de 2 milhões de pessoas no Grande ABC e parte de São Paulo. A entrega do sistema, ontem pela manhã, permitirá desviar os dejetos de 11,5 mil moradores de oito bairros daquela região, mas ainda há longo caminho a percorrer para que a represa, que tem 250 mil pessoas vivendo às suas margens, fique livre de uma vez.

A batalha para livrar a Billings do esgoto também teve mais um capítulo ontem, quando a direção da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) anunciou a publicação de edital para obra que vai beneficiar o reservatório. A licitação é relacionada a intervenções na região do Alvarenga e terá investimento de R$ 128 milhões.

A previsão é a de que as propostas sejam abertas em 9 de março e que as obras, que devem durar quatro anos, sejam iniciadas em julho. “Na região do Alvarenga o esgoto já é coletado, mas nós vamos encaminhar para a ETE (Estação de Tratamento de Esgotos). Todas as obras de esgoto têm impacto direto no município, mas também com benefícios para toda a Região Metropolitana de São Paulo”, destacou o superintendente da área Sul da Sabesp, Roberval Tavares.

As intervenções fazem parte do projeto Pró-Billings, com investimento total de R$ 250 milhões (que deve beneficiar 250 mil habitantes). Além de recursos da autarquia estadual, conta com repasses do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e da Jica (Agência de Cooperação Internacional Japonesa). Aliás, projeto é discutido desde 2001.

A etapa inicial das intervenções, que contemplam a construção do primeiro trecho do coletor tronco Ribeirão dos Couros, teve início em 2010, com prazo para término previsto para o primeiro semestre de 2013. O que não aconteceu.

Foram assentadas ligações secundárias e parte do coletor. Em reportagem publicada pelo Diário em fevereiro de 2016, foi destacado que dos 21 quilômetros de coletores tronco previstos no programa, 56% foram instalados.

A própria Sabesp afirmou que o contrato da obra, em convênio com a Prefeitura de São Bernardo, foi rescindido. “A construtora contratada pela companhia abandonou a obra e o contrato foi encerrado. A previsão é a de que a nova licitação seja lançada em junho deste ano”, informou a autarquia em nota.

No total, o Pró-Billings inclui o assentamento de 100 quilômetros de redes coletoras de esgoto, 44 quilômetros de coletores tronco e linhas de bombeamento e 39 EEE (Estações Elevatórias de Esgotos).

INAUGURAÇÃO
O Sistema de Esgotamento Sanitário do Riacho Grande foi inaugurado ontem, no Parque Estoril, com a presença do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB). O investimento foi de R$ 26,5 milhões e engloba o assentamento de 1.500 ligações domiciliares e 40 quilômetros de novas coletoras.

As intervenções começaram em 2011. “É uma obra demorada. A execução é em área de manancial, então todas as autorizações têm prazos legais para serem atendidos”, destacou Tavares.

A região do Riacho, que tinha 44% de esgoto tratado, salta agora para 95%. “A Billings e a Guarapiranga são os grandes reservatórios da metrópole, e por isso vamos despoluir a Billings. Queremos voltar com os peixes e o turismo. São investimentos que priorizam o tratamento do esgoto, para despoluir, limpar a represa e gerar emprego através das obras”, afirmou o governador, em sua primeira visita ao Grande ABC neste ano.

Morando disse que a obra é uma questão de justiça social para os moradores do entorno da represa. “O volume de esgoto lançado na represa é alto, sendo é coletado quase na totalidade, mas infelizmente ainda não é tratado.”