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Eventos reforçam consciência negra
Deborah Moreira
Do Diário do Grande ABC
13/11/2010 | 10:11
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A história do movimento negro na região ainda é pouco documentada. Em Santo André, entidade prepara um livro que deve ser lançado até final de 2011. Enquanto isso, alguns eventos gratuitos lembram a trajetória dos pioneiros e a influência da cultura afro no País para estimular o debate sobre igualdade racial, aproveitando as comemorações deste mês da Consciência Negra.

Hoje, a partir das 14h, acontece um cortejo cultural no calçadão da Rua Coronel Oliveira Lima, organizado pela entidade Negra Sim!, em parceria com a Prefeitura. Entre as atrações, destaque para percussão infantil, trajes afro-sociais e de santos e apresentação de grupos de capoeira.

Outra atração organizada pela entidade é a Parada Crioula, no dia 28, na Fainc (Faculdades Integradas Coração de Jesus), entre 10h e 22h. Em formato de feira cultural, o evento terá barracas de comida típica; feira de livros; oficinas de discotecagem, fotografia, artesanato como bonecas negras de pano e grafite.

"Em nossos eventos sempre procuramos transmitir ao público as nossas ideias e valores como a importância de contar a história do Brasil, como ela foi realmente e da história do movimento negro em Santo André", declarou Neuza de Oliveira, coordenadora do Negra Sim!, movimento negro e de mulheres. "As questões das mulheres negras são diferentes das mulheres brancas, que já conquistaram posições na sociedade que nós estamos lutando", completou.

Ela adiantou que uma biografia sobre um dos precursores das organizações políticas na cidade, Irineu Barros Siqueira, está sendo preparada e que deve ficar pronta até fim de 2011. "Ele morou em Santa Terezinha e tem até uma praça com seu nome, onde, na década de 1980, se reunia com jovens negros para instigá-los politicamente", contou Neuza.

Ela lembrou que naquela época o preconceito racial ainda era muito grande. Que os jovens não tinham direito a frequentar os bailes nos grandes clubes.

Por isso, se organizavam em bailes negros nas regiões periféricas. Irineu, ainda segundo Cleuza, ficava na porta desses salões para convidar os frequentadores a se reunirem e discutirem a discriminação.

VIOLÊNCIA

Acontece no dia 22, das 14h às 17h, a Palestra Machismo X Racismo: A Violência contra as Mulheres Negras, no Salão Burle Marx (Praça IV Centenário, 9º andar), organizada pela Assessoria de Gênero e Conselho Municipal dos Direitos da Mulher do município.

Congada ‘chacoalha' São Bernardo 

Em São Bernardo, as comemorações do mês da Consciência Negra prometem muita ginga, com o Grupo de Congada do Parque São Bernardo.

No dia 21, a partir das 10h, ocorrerá Missa Afro na Paróquia São Geraldo (Rua dos Vianas, 2.527). Depois, diversas apresentações ocorrem no salão paroquial como capoeira, violeiros, hip hop e desfile afro. Durante os intervalos, depoimentos de personagens do movimento negro da região poderão ser conferidos.

Atualmente com 50 integrantes, o Grupo de Congada do Parque São Bernardo começou com 20 pessoas, a maior parte da família Lemos, em 1980. "A congada está na família há 100 anos e em São Bernardo há 30. Começamos nos apresentando em nossa cidade natal, Cordislândia (MG). Só depois na região", explicou Benedito da Silva Lemes, 58 anos, o Ditinho.

A programação do município é voltada para lembrar a criação do feriado municipal de 20 de novembro, em 2009, valorizando o herói nacional Zumbi dos Palmares. "Como o feriado é recente na cidade, queremos valorizar o motivo dele, Zumbi", explicou Leon Santos, gerente de Políticas Para a Igualdade Racial da Prefeitura.

CAÇADAS DE PEDRINHO

Parecer publicado pelo CNE (Conselho Nacional de Educação), no Diário Oficial da União, reacendeu debate sobre racismo nas escolas. O CNE sugere que a obra Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, não seja distribuída a alunos e professores por causa de citações como: "Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma macaca de carvão". "Embora não seja um livro didático, a discussão colocada foi positiva, uma vez que o negro muitas vezes foi representado de maneira negativa e jocosa", ponderou Leon.




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