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Sto.André falha e não cumpre ordem judicial

Moradores são obrigados a comprar itens como medicamentos para garantir tratamento

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
19/01/2017 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 Recorrer à Justiça para garantir o fornecimento de insumos e medicamentos, por meio da rede pública de Saúde, não está sendo suficiente para que pacientes de Santo André consigam acesso ao serviço. Com atrasos mensais na entrega de itens, moradores estão sendo obrigados a dispor de recursos próprios para garantir a continuidade no tratamento médico de familiares.

Após conseguir no início do ano passado parecer positivo da Justiça para o fornecimento de quatro itens, entre medicamentos e produtos de higiene básica para o filho Gabriel Ferreira Santos, 13 anos, autista e portador de doença degenerativa progressiva chamada Distrofia muscular de Duchenne (responsável por provocar fraqueza nos músculos), a dona de casa Ivone Ferreira dos Santos, 39, tem enfrentado há pelo menos quatro meses atrasos rotineiros no fornecimento dos itens necessários.

“Todo mês falta alguma coisa. Nos últimos meses não tinha os dois medicamentos, que são o Prednisolona 3mg e o Risperidona 1mg. Agora em janeiro foi a vez de eles não terem a fralda geriatra. É muito complicado você viver assim. Cada mês temos que custear algo”, relata.

Com custo de aproximadamente R$ 700 por um pacote com 240 unidades da fralda, Ivone tem sido obrigada a se desdobrar para garantir a continuidade do tratamento do filho. “Tento deixar ele ao máximo com a fralda. Ele usa um pacote com oito por dia. Infelizmente, dependo de doações, pois nossa renda já não dá para custear tudo”, desabafa.

No caso da professora licenciada Nádia Magnani, 61, embora os insumos não sejam fornecidos pela Justiça, o problema se repete. Desde o mês passado ela não tem conseguido retirar insumos e medicamentos para o tratamento da mãe, Wilma Maria Magnani, 88.

Segundo Nádia, a administração municipal tem atrasado o fornecimento de fraldas, frascos para dieta naso enteral, seringas, luvas, esparadrapo e pacotes de algodão.

“Estou reaproveitando frascos de dieta. Acabo lavando com produtos para poder usar novamente, o que é um absurdo”. relata.

No início do mês, o Diário já havia noticiado a dificuldade de Nádia em conseguir transporte para levar a mãe para uma consulta em São Paulo. Na ocasião, por falta de vagas, ela teve que remarcar a visita ao médico.

Procurada para falar sobre o assunto, a Prefeitura de Santo André informou, por meio da Secretaria de Saúde, “que levantará os casos apontados para saber o que ocasionou o atraso no repasse”. No entanto, não forneceu nenhum prazo para regularizar a situação. O Paço ainda destacou que “a atual gestão está há apenas 18 dias administrando a cidade”.

 

Pacientes sofrem com falta de medicamentos

 

A distribuição de medicamentos na rede de atenção básica e especializada da Saúde de Santo André também tem sido afetada. Ao menos dois medicamentos fornecidos no sistema estão em falta no estoque.

Segundo denúncias feitas por pacientes, os medicamentos Carbamazepina – um dos principais fármacos para controle de convulsões –, e Carbonato de Cálcio estão em falta em unidades do município desde dezembro.

Ontem, em visita do Diário ao Centro de Especialidades 1, localizado no Centro de Santo André, funcionários da unidade informaram que não existe previsão para a chegada dos medicamentos.

A Prefeitura de Santo André, por meio da Secretaria de Saúde, informou que vai averiguar o que ocasionou a falta dos medicamentos.

Ontem, durante vistoria no almoxarifado da área da Saúde, o prefeito Paulo Serra (PSDB) encontrou o setor de medicamentos com apenas 25% de sua capacidade, enquanto a parte dos psicotrópicos estava com menos de 10%.

Segundo o prefeito, apesar do problema herdado na distribuição de remédios, a nova gestão já está desenvolvendo estratégia para resolvê-lo.




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