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Região tem alto índice de raios

Três cidades figuram entre as 30, das 645 do Estado, com maior densidade de descargas elétricas; urbanização e poluição colaboram

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
19/01/2017 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 Ranking estadual de concentração de raios do Elat (Grupo de Eletricidade Atmosférica), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de 2016, mostra que três municípios do Grande ABC (Diadema, São Caetano e Mauá) estão entre os 30, dos 645 do Estado, com maior densidade de descargas elétricas (quantidade de raios por km²/ano de cada município). As sete cidades superam a média do Brasil, que é de seis raios por km² por ano. Em 2016, o Grande ABC registrou 11.840 descargas, o equivalente a 14,29 ocorrências por km² no ano. O poder de atração para raios no Grande ABC é atribuído à urbanização, que facilita a formação de tempestades e maior ocorrência do fenômeno, explica o coordenador do Elat/Inpe, Osmar Pinto Júnior. “Um dos aspectos que contribui é conhecido como ilha de calor. Ao substituir vegetação do solo por asfalto, a construção de muitos prédios, tudo isso causa o aumento de temperatura em relação à temperatura que haveria se não houvesse urbanização”, explica. “O outro é a poluição dos veículos e das fábricas, que jogam micropartículas na atmosfera que facilitam a formação das tempestades”, completa.

O ranking muda ano a ano, pontua Osmar, “porque tempestades não conhecem limites geográficos”. No entanto, ressalta que, em geral, a tendência é que as cidades do Grande ABC apareçam sempre nas primeiras colocações no Estado.

No ranking estadual, Diadema aparece na 20º posição (11,41 raios por km²/ano); seguida por São Caetano, em 21º (também 11,41 por km²/ano) e Mauá 23º (11,28 por km²/ano).

Com média de 11 raios por km², Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra figuram em 36º e 37º lugar, respectivamente. Santo André está na 54ª colocação (10,26) e São Bernardo em 271º (8,37). (veja na arte ao lado a posição dos municípios da região no ranking nacional, que compreende 5.570 cidades). No Estado, o primeiro lugar é ocupado por Itaquaquecetuba (13,13 km²/ano).

De 1º de janeiro até terça-feira, 2.880 raios atingiram as sete cidades, sendo 1.800 em São Bernardo, 600 em Santo André, 200 em Ribeirão Pires, 140 em Mauá, 80 em Rio Grande da Serra, 30 em São Caetano e 30 em Diadema.

Nos últimos 100 anos, Osmar lembra que houve aumento acentuado na incidência de raios no Grande ABC e na Região Metropolitana de São Paulo. “Aumentou em 50% o número de raios, mas houve saturação na urbanização, e o efeito parou de aumentar”, diz. Porém, o especialista destaca outro importante aspecto: o aquecimento global. “A temperatura continuará aumentando e haverá mais raios no futuro. É possível fazer a estimativa de que, no fim do século 21, em 2.100, o Grande ABC terá aumento de 20% a 30%. O aumento anual é de menos de 1%, e as pessoas não percebem esses efeitos do aquecimento. Vão perceber daqui a 30, 40 anos.”

 

Probabilidade de ser atingido por raio é baixa, mas é preciso cuidado

 

A chance de uma pessoa ser atingida diretamente por um raio é muito baixa, sendo em média menor do que 1 para 1 milhão. Porém, o coordenador do Elat (Grupo de Eletricidade Atmosférica) Osmar Pinto Junior salienta que, ao estar em situação de risco (caminhando à beira da praia, em um descampado ou parque), a chance pode aumentar em até 1 para mil. Na maioria dos casos o impacto acontece por correntes indiretas dos raios, que se propagam, por exemplo, pelo chão.

No primeiro dia do ano, a moradora de Guarulhos Taline Campos, 25 anos, foi atingida por um raio quando caminhava em uma praia, em Itanhaém. A jovem permanece internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A intensidade típica de um raio é de 30 mil Ampères, cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico. A descarga percorre distâncias da ordem de cinco quilômetros.

Ao primeiro sinal de tempestade, a pessoa deve deixar locais abertos e ficar longe de objetos condutores, orienta o especialista.

Estar em casa durante uma tempestade também requer cautela. “De cada cinco vítimas fatais por raio, uma acontece dentro de casa. Embora esteja mais protegido, corre riscos se estiver em contato com objetos metálicos, ligados à rede elétrica e telefone com fio ou celular conectado ao carregador.”

 




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