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Acidentes: o perigo senta no banco de trás do carro
Valéria Cabrera
Da Redaçao
02/09/2000 | 16:49
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O baixo índice de uso de cinto de segurança pelos passageiros do banco de trás de veículos tornou-se o principal fator de mortes e traumas por pessoas que nao utilizam o acessório no trânsito. Essa foi uma das conclusoes do Mapa da Morbidade por Causas Internas, pesquisa desenvolvida pela Rede Sarah de Hospitais, uma rede pública especializada no tratamento e reabilitaçao de doenças do aparelho locomotor, com unidades instaladas em Brasília, Belo Horizonte, Salvador e Sao Luís.

Do total de pacientes atendidos pela rede, vítimas de acidentes de trânsito, 74% dos passageiros (o índice nao inclui os motoristas) nao usavam cinto de segurança, e desses, 41% estavam no banco traseiro; apenas 14% no dianteiro (leia mais sobre a pesquisa na página 3). De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, o cinto de segurança é um equipamento obrigatório em qualquer acento de um veículo, tanto em rodovias quanto em ruas e avenidas das cidades.

Apesar de nao haver no Brasil estudos específicos sobre o uso do cinto de segurança no banco traseiro, especialistas em trânsito sao unânimes em afirmar que o equipamento de segurança é praticamente esquecido pelos ocupantes do banco de trás.

"Esta é uma outra batalha a ser vencida. A primeira, o uso do cinto nos bancos dianteiros, necessitou de dez anos para ser controlada", disse o engenheiro Wlastemiler de Senço, professor de engenharia de tráfego da FEI (Faculdade de Engenharia Industrial), em Sao Bernardo.

Para o assessor técnico da ANTP (Associaçao Nacional de Transportes Públicos), Laurindo Junqueira, as pessoas nao têm consciência do perigo que correm por nao usar o cinto também no banco de trás. Além de ferimentos graves, o passageiro do banco traseiro que usa o cinto de segurança pode evitar a morte de quem está na sua frente.

De acordo com Junqueira, é comum as pessoas nao usarem o cinto no banco de trás dentro da cidade e em trajetos curtos, porque acreditam que nada vai acontecer por causa da pouca velocidade. "Elas estao totalmente enganadas, pois há estatísticas que provam que a maior parte dos acidentes acontecem dentro das cidades, em trajetos curtos e com baixas velocidades", afirmou.

De acordo com o gerente de Engenharia de Segurança Veicular da Volkswagen, Decio Luiz Assaf, testes feitos pela montadora sobre o uso do cinto de segurança mostram que o impacto de uma pessoa contra uma barreira (banco da frente, por exemplo) é forte mesmo em baixas velocidades. "Cinqüenta quilômetros por sao suficientes para matar uma pessoa", afirmou.

O nao-uso do cinto de segurança no banco traseiro foi verificado pelo Diário, que abordou algumas pessoas no trânsito na semana passada. A grande maioria dos passageiros do banco de trás estava sem o equipamento de segurança, apesar de o motorista estar cumprindo a lei.

A família Grunfeldt é um exemplo disso. Os três passageiros do banco traseiro, inclusive uma criança, estavam sem o cinto, enquanto que os dois ocupantes da frente usavam o equipamento corretamente.

Já para o comerciante Marcelo Minoro Tanemoto, 27 anos, o cinto de segurança nunca é esquecido. "Sempre uso, seja no banco da frente, ou no banco de trás. Tenho filhos pequenos e eles também usam o cinto de segurança, pois eu os obrigo. A segurança de todos é muito importante no trânsito", afirmou.




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