Desde janeiro, 646 menores se perderam no
Litoral; especialistas indicam cuidados básicos
Com a proximidade do Ano-Novo, as famílias procuram descanso e lazer, principalmente nas praias. A estimativa é a de que até 700 mil veículos trafeguem pelo SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes) em direção ao Litoral neste fim de ano. O aglomerado de pessoas amplia a preocupação dos pais em relação à segurança dos filhos pequenos. Conforme especialistas, a principal recomendação é intensificar a atenção para evitar acidentes, que as crianças se percam ou até mesmo sejam abordadas por estranhos.
Exemplo observado em Santos no dia 20 de dezembro trouxe à tona a necessidade de atenção por parte dos pais. Criança de 8 anos, de Santo André, foi arrastada para o mar por Evandro Luiz de Campos Santana, 29, que tinha intenção de beijar o menor, conforme depoimento à polícia. Ação precisa da guarda-vidas, que percebeu a movimentação, abordou o criminoso e chamou a polícia, evitou o abuso.
Para tentar prevenir ocorrências do tipo, a recomendação é que os pais mantenham distância de apenas um braço dos filhos, indica o tenente Paulo Sérgio dos Santos, relações públicas do GBMar (Grupamento de Bombeiros Marítimo). “Isso é um padrão internacional. Acima desta idade, o menor deve estar 100% na direção da vista do adulto, porém em distância que deve ser percorrida rapidamente em caso de necessidade. É importante que os pais procurem o guarda-vidas (atualmente são 1.450 em todo o Litoral) quando chegarem à praia, já que ele tem a pulseira de identificação para distribuir”, disse.
Levantamento do GBMar aponta que 646 crianças foram encontradas pelos bombeiros em todo o Litoral paulista neste ano após se perderem dos pais. “O número representa apenas as crianças que o GBMar encontrou. Imagina a quantidade (de menores) que procura ajuda nos quiosques, barracas e junto à Polícia Militar. Isso pode ser multiplicado por cinco”, afirmou o tenente.
Já os afogamentos, principal ocorrência observada pelos bombeiros no Litoral, resultaram no resgate de 2.952 pessoas e em 88 óbitos até ontem. Em 2015, foram 3.335 resgatados e 82 óbitos. Condições climáticas e a própria maré são os principais fatores de impacto neste número.
De acordo com o especialista em Segurança pública e privada Jorge Lordello, a utilização de celulares é um dos problemas. “Primeira coisa é que a criança não pode sair do campo de visão dos pais. Numa praia lotada, você tem problemas para monitorar o pequeno. Mas, atualmente o grande problema é o celular, que acaba entretendo os pais”, disse.
Já o especialista em Segurança pública José Vicente da Silva Filho destaca que o rapto é ocorrência rara. “O problema em praia é o risco de a criança se perder. Recursos como anotar o telefone dos pais até mesmo em uma peça de roupa, além de dar orientação para que o menor procure um policial caso se perca, são importantes”, afirmou.
PRAINHA
Ponto de divertimento de diversas famílias da região, a Prainha do Riacho Grande, em São Bernardo, registrou movimentação intensa ontem. A orla da Represa Billings estava lotada durante a tarde, momento em que os termômetros marcavam 33°C.
Pai de menina de 8 anos, o operador de máquinas Jorge Evaldo de Souza, 36, não desgrudava os olhos da pequena. “Enquanto o pessoal fica no quiosque, fico aqui perto dela. Ainda mais nos dias de hoje, temos de ficar em cima.”
A ajudante geral Daniele Silva, 23, moradora da Zona Leste da Capital, estava responsável pela afilhada de 1 ano. Ela costuma frequentar o local com toda a família, que inclui mais de dez crianças. “A gente reveza. Enquanto a maioria se diverte, mais de uma pessoa precisam olhar os pequenos.”
Mesmo em águas calmas, o tenente dos bombeiros alertou para perigo de nadar em represa. “A profundidade aumenta muito rápido. Por conta disso, não se deve confiar em boias. Os pais devem estar próximos.”
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