Setecidades Titulo Rede pública de Saúde
Farmácias da rede pública da região estão desabastecidas

Moradores de pelo menos três cidades têm
dificuldade para retirar medicamentos básicos

Victor Hugo Storti
Especial para o Diário
11/12/2016 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


A população do Grande ABC encontra dificuldades quando necessita de medicamentos, itens distribuídos gratuitamente na rede pública de Saúde. O problema, recorrente aos munícipes da região, foi constatado pela equipe do Diário durante a semana em unidades de pelo menos três cidades: Santo André, São Bernardo e Mauá. Remédios considerados de baixo custo, como Amoxicilina, Omeprazol, Paracetamol e Diclofenaco estão em falta.

O cenário se torna ainda mais grave quando levado em conta levantamento do Diário de setembro, que aponta alta de 15,48% na procura por remédios nas redes municipais de Saúde entre janeiro e julho na comparação com o mesmo período do ano passado. Um dos fatores que levou ao aumento da retirada de remédios no sistema público é a crise econômica pela qual o País atravessa.

Em Santo André, a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Vila Luzita tem uma das situações mais precárias. A farmácia do posto estava praticamente vazia, conforme mostrou um funcionário do local. Segundo o trabalhador, que preferiu não se identificar, moradores não conseguem retirar nem mesmo itens considerados básicos, como Paracetamol e Azitromicina. O problema é recorrente, denuncia ele.

A munícipe Shirley da Silva, 21 anos, que está desempregada, teve de ir embora da unidade sem um dos remédios prescritos na receita médica, a Amoxicilina. “Aqui sempre falta, não é a primeira vez. Às vezes, dependendo do preço, não dá para comprar na farmácia, ainda mais agora que estou sem trabalho”, lamentou.

Já em São Bernardo, embora a farmácia da UBS (Unidade Básica de Saúde) Parque São Bernardo apresentasse quantidade elevada de medicamentos, a autônoma Roselaine Chaves, 46 não conseguiu retirar o Diclofenaco, prescrito pelo médico para a mãe. “Vou ter de passar na farmácia para comprar, não tem jeito. Se estiver caro, vou ter de parcelar no cartão, porque ela precisa tomar o remédio”, disse.

Em Mauá, a auxiliar de farmácia Denise Lopes, 36, afirmou já ter comparecido mais de quatro vezes na farmácia da UBS Flórida e não ter conseguido retirar medicamentos como o anticoncepcional Ciclo 21 e a Sertralina. Além disso, ela denunciou ainda a falta de remédio para o estômago na UBS Paranavaí. “Minha mãe sempre precisa e nunca consegue pegar o Omeprazol lá”, contou.

A Prefeitura de Santo André afirmou que o orçamento para a compra de medicamentos em 2016 foi de R$ 19,5 milhões e que o desabastecimento é pontual. O Paço afirmou que a queda de arrecadação, a alta do dólar e a falta de alguns medicamentos no mercado são as causas do problema. “A redução de custos e renegociação com fornecedores vão ser as medidas tomadas para solucionar a questão”.

Já a Prefeitura de São Bernardo destacou que já gastou cerca de R$ 13 milhões neste ano. No entanto, a administração contesta a queixa da munícipe. O Paço diz “manter os estoques normalizados, apesar do atraso dos repasses por parte do governo estadual, cuja última remessa foi referente aos meses de fevereiro, março e abril”.

Procurada, a Prefeitura de Mauá não respondeu até o fechamento desta edição. 




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