Moradores de pelo menos três cidades têm
dificuldade para retirar medicamentos básicos
A população do Grande ABC encontra dificuldades quando necessita de medicamentos, itens distribuídos gratuitamente na rede pública de Saúde. O problema, recorrente aos munícipes da região, foi constatado pela equipe do Diário durante a semana em unidades de pelo menos três cidades: Santo André, São Bernardo e Mauá. Remédios considerados de baixo custo, como Amoxicilina, Omeprazol, Paracetamol e Diclofenaco estão em falta.
O cenário se torna ainda mais grave quando levado em conta levantamento do Diário de setembro, que aponta alta de 15,48% na procura por remédios nas redes municipais de Saúde entre janeiro e julho na comparação com o mesmo período do ano passado. Um dos fatores que levou ao aumento da retirada de remédios no sistema público é a crise econômica pela qual o País atravessa.
Em Santo André, a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Vila Luzita tem uma das situações mais precárias. A farmácia do posto estava praticamente vazia, conforme mostrou um funcionário do local. Segundo o trabalhador, que preferiu não se identificar, moradores não conseguem retirar nem mesmo itens considerados básicos, como Paracetamol e Azitromicina. O problema é recorrente, denuncia ele.
A munícipe Shirley da Silva, 21 anos, que está desempregada, teve de ir embora da unidade sem um dos remédios prescritos na receita médica, a Amoxicilina. “Aqui sempre falta, não é a primeira vez. Às vezes, dependendo do preço, não dá para comprar na farmácia, ainda mais agora que estou sem trabalho”, lamentou.
Já em São Bernardo, embora a farmácia da UBS (Unidade Básica de Saúde) Parque São Bernardo apresentasse quantidade elevada de medicamentos, a autônoma Roselaine Chaves, 46 não conseguiu retirar o Diclofenaco, prescrito pelo médico para a mãe. “Vou ter de passar na farmácia para comprar, não tem jeito. Se estiver caro, vou ter de parcelar no cartão, porque ela precisa tomar o remédio”, disse.
Em Mauá, a auxiliar de farmácia Denise Lopes, 36, afirmou já ter comparecido mais de quatro vezes na farmácia da UBS Flórida e não ter conseguido retirar medicamentos como o anticoncepcional Ciclo 21 e a Sertralina. Além disso, ela denunciou ainda a falta de remédio para o estômago na UBS Paranavaí. “Minha mãe sempre precisa e nunca consegue pegar o Omeprazol lá”, contou.
A Prefeitura de Santo André afirmou que o orçamento para a compra de medicamentos em 2016 foi de R$ 19,5 milhões e que o desabastecimento é pontual. O Paço afirmou que a queda de arrecadação, a alta do dólar e a falta de alguns medicamentos no mercado são as causas do problema. “A redução de custos e renegociação com fornecedores vão ser as medidas tomadas para solucionar a questão”.
Já a Prefeitura de São Bernardo destacou que já gastou cerca de R$ 13 milhões neste ano. No entanto, a administração contesta a queixa da munícipe. O Paço diz “manter os estoques normalizados, apesar do atraso dos repasses por parte do governo estadual, cuja última remessa foi referente aos meses de fevereiro, março e abril”.
Procurada, a Prefeitura de Mauá não respondeu até o fechamento desta edição.
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