Entre os pescadores e estudiosos locais que acompanham as mudanças sazonais do nível da água e do comportamento dos peixes, estima-se que 80% das espécies desapareceram da represa. Para o meio ambiente, a seca também resulta em temperaturas mais quentes perto da mata. O calor seria o segundo motivo do sumiço dos animais.
“Há três anos era comum os peixes transbordarem da represa para as margens. O pessoal pescava nas lagoas formadas pela represa”, contou Ermínio Gerônimo Costa, presidente do Serviço Aéreo Terrestre de Proteção Ecológica.
Ele refere-se ao tempo em que os sifões ao longo da represa ficavam cobertos pela água e, devido a altura de 4 ou 5 metros, formavam quedas d’água que facilitavam o caminho dos peixes para a desova.
Nesta semana, apesar da intensa garoa que caiu no Grande ABC por mais de quatro dias seguidos, o nível da represa continuava baixo. “Em outros verões, estaria pelo menos 4 metros mais alto”. Na prainha, os sifões ainda podiam ser vistos. Próximo à entrada do Parque Estoril, as margens do bolsão da represa estavam secas. A água não chegava a atingir a barreira de pedras.
Turismo – “A piracema não está acontecendo nem mesmo nas cabeceiras dos rios”, afirmou Costa. No local passa o rio Jurubatuba, que nasce em Paranapiacaba. “Por causa destas perdas, o turismo natural do Riacho Grande está acabando aos poucos. A história da região está se perdendo também”, disse o presidente da entidade, que, junto com os parceiros de pesca, têm notado a mudança na represa desde meados de 2003.
“A situação só deve melhorar quando caírem as chuvas pesadas e torrenciais. Mas, se nada acontecer, não sei onde vamos parar”, afirmou Atílio Salti, que desde 1961 acompanha as mudanças naturais da represa Billings.
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