Setecidades Titulo
Billings ainda não registra piracema
Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
28/01/2004 | 22:00
Compartilhar notícia


Sem chuvas fortes, típicas de verão, a piracema (desova) de peixes charutinho e lambari ainda não aconteceu este ano, nas margens da represa Billings, no Riacho Grande, em São Bernardo. O baixo nível das águas afastou os peixes que, durante o verão, apareciam aos montes na prainha do Riacho Grande e próximo da nascente da represa.

Entre os pescadores e estudiosos locais que acompanham as mudanças sazonais do nível da água e do comportamento dos peixes, estima-se que 80% das espécies desapareceram da represa. Para o meio ambiente, a seca também resulta em temperaturas mais quentes perto da mata. O calor seria o segundo motivo do sumiço dos animais.

“Há três anos era comum os peixes transbordarem da represa para as margens. O pessoal pescava nas lagoas formadas pela represa”, contou Ermínio Gerônimo Costa, presidente do Serviço Aéreo Terrestre de Proteção Ecológica.

Ele refere-se ao tempo em que os sifões ao longo da represa ficavam cobertos pela água e, devido a altura de 4 ou 5 metros, formavam quedas d’água que facilitavam o caminho dos peixes para a desova.

Nesta semana, apesar da intensa garoa que caiu no Grande ABC por mais de quatro dias seguidos, o nível da represa continuava baixo. “Em outros verões, estaria pelo menos 4 metros mais alto”. Na prainha, os sifões ainda podiam ser vistos. Próximo à entrada do Parque Estoril, as margens do bolsão da represa estavam secas. A água não chegava a atingir a barreira de pedras.

Turismo – “A piracema não está acontecendo nem mesmo nas cabeceiras dos rios”, afirmou Costa. No local passa o rio Jurubatuba, que nasce em Paranapiacaba. “Por causa destas perdas, o turismo natural do Riacho Grande está acabando aos poucos. A história da região está se perdendo também”, disse o presidente da entidade, que, junto com os parceiros de pesca, têm notado a mudança na represa desde meados de 2003.

“A situação só deve melhorar quando caírem as chuvas pesadas e torrenciais. Mas, se nada acontecer, não sei onde vamos parar”, afirmou Atílio Salti, que desde 1961 acompanha as mudanças naturais da represa Billings.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;