A previsão para resgatar o atletismo de rendimento do Sesi (Serviço Social da Indústria) de Santo André foi cumprida. No fim de 2009, quando o projeto começou a ser desenvolvido, o objetivo era que no começo deste ano, os novos atletas já estivessem trabalhando. E eles estão. A seletiva foi realizada em maio e hoje a equipe tem sete integrantes, sendo um paraolímpico.

Os bons resultados já começaram a aparecer. Neste mês, a instituição conquistou o segundo lugar nos 3.000 m rasos do Campeonato Estadual na categoria menor, com Rafael Magalhães, 16 anos, e a medalha de bronze no Circuito Estadual na categoria pré-mirim, com Fernanda Freitas, 13.

"Fiquei surpreso porque , geralmente, as conquistas vêm a longo prazo. É difícil começar tão bem com tão pouco tempo de treinamento", comentou, satisfeito, o técnico Daniel Biscola.

A ideia é que o Sesi volte a ser celeiro nacional do atletismo como há dez anos, quando era representado por nomes de peso como Marilson dos Santos e Adauto Domingues, integrantes da última equipe, desativada em 2000.

"O rendimento é o primeiro passo da nova fase histórica do atletismo em Santo André. É um projeto para requalificar nossas técnicas e estruturas em busca do alto nível e da excelência", destacou o diretor do Sesi Santo André, Sérgio Moretti.

Para garantir o sucesso, além da contratação de profissionais, a pista da instituição será reformada. "Substituiremos o carvão por piso sintético e compraremos colchões novos para o salto em altura. Todos os equipamentos novos terão nível de federação, porque temos a intenção de sediar eventos esportivos", adiantou a coordenadora de Esportes e Lazer, Carina Frentzel.

Não há previsão, no entanto, para as obras serem concluídas. "Estamos realizando estudo técnico para avaliar o que há de melhor no mercado. A intenção é finalizá-lo até o fim do ano, para as reformas começarem no início de 2011", previu Moretti.

O programa de rendimento no atletismo é aberto a jovens de fora do Sesi, desde que estejam estudando, já que os pilares da entidade são esporte e educação como sinônimos de vida saudável.

Atleta paraolímpico marca início da nova fase
Dos sete atletas da equipe de atletismo do Sesi, um é destaque disparado. Não por ser o único de ponta, mas pela história de vida repleta de ensinamentos. Marco Aurélio Lima Borges, 32 anos, pratica esporte desde criança, mas descobriu seu talento em 2005, quando entrou para o esporte na tentativa de reabilitar-se de acidente de moto em 1998, ocasião em que teve a perna direita substituída por uma prótese.

"Perdi uma perna, mas ganhei de volta a chance de ser atleta profissional, porque o paraolímpico pode competir até mais velho", destacou.

Apesar de ter entrado no Sesi há sete anos, como estagiário de informática, com a implementação do programa de rendimento representará a equipe nas competições.

"Já tivemos experiências no esporte paraolímpico, mas o Marco Aurélio será um divisor de águas. Os atletas com deficiência não buscam somente inclusão social, mas superação e se temos como ajudá-los, não podemos ficar de fora desse processo", explicou o diretor regional Sérgio Moretti.

Marco Aurélio coleciona conquistas na modalidade que disputa, o lançamento de disco. É recordista sul-americano e foi terceiro colocado no Pan-Americano do Rio (2007), além de ser pentacampeão brasileiro (2005 a 2009), campeonato do qual foi vencedor da primeira etapa deste ano e disputará a segunda no fim do mês.

"Os resultados vêm de força de vontade e da ajuda de projetos como o do Sesi. Vou treinar forte para disputar a Olimpíada do Rio, em 2016. Espero corresponder à altura o que estão apostando em mim", concluiu.

Outros investimentos serão feitos na busca pela excelência
O atletismo é o carro-chefe do novo projeto esportivo do Sesi, mas a intenção é conquistar o alto nível em todas as modalidades oferecidas. Por isso, além da reforma da pista de atletismo, outros investimentos já são feitos.

A piscina recebeu aquecimento e as duas quadras poliesportivas estão sendo cobertas, obras previstas para terminar no mês que vem. Profissionais foram contratados e foi construída unidade de fisioterapia e reabilitação.

"Queremos buscar excelência em todas as modalidades que oferecemos e para garantir qualidade, segurança e bons resultados, estamos adequando nossa infraestrutura", explicou o diretor regional Sérgio Moretti.

Outros investimentos de peso são os novos equipamentos para complementar o Programa Atleta do Futuro de ginástica, que conta com 162 crianças de 6 a 17 anos, e o projeto de rendimento da modalidade, criado em 2009 e que está com uma equipe de 16 atletas, de 6 a 14 anos.

"A renovação é essencial para evoluirmos no esporte e daqui saírem nomes como Diego e Daniele Hypólito. Talentos são enxergados desde de cedo e já vejo muitos aqui", destacou a técnica Patrícia Turina Braga, que treinou os irmãos quando eles tinham 7 e 6 anos, respectivamente.

O Sesi será o único responsável pela verba destinada aos investimentos. No entanto, o valor não foi revelado.