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Documentário sobre Michael Jackson estréia no Brasil
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
25/02/2003 | 20:12
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O estranho mundo de Michael Jackson chega às telas do Brasil. O polêmico documentário Living with Michael Jackson, que causou furor e repulsa quando exibido em Londres (Inglaterra) dia 3 deste mês e quatro dias depois nos Estados Unidos, será mostrado na íntegra e com legendas no próximo domingo (2), às 21h, no canal por assinatura Sony Entertainment Television (Canbras, TVA, Net, Sky, Directv), emissora que já faz estardalhaço da exclusividade em suas chamadas.

Estão em quase duas horas de duração as confissões que o cantor norte-americano fez para Martin Bashir, jornalista inglês que passou oito meses ao lado do popstar para conseguir declarações e imagens exclusivas: que ele dormia com crianças no mesmo quarto; que seu pai lhe batia quando pequeno e o chamava de “nariz gordo”; que se sente um Peter Pan com 4 anos; que nunca fez nenhuma cirurgia plástica, apenas duas operações no nariz para ajudar a atingir notas mais altas ao cantar etc.

Bashir entrevista o cantor em Las Vegas, Berlim, Miami e em sua fazenda Neverland, perto de Los Angeles. Mostra sua vida privada, seu carisma e seu comportamento bizarro, com a música do cantor na trilha. Sem entrevistas com familiares ou amigos, Bashir procura deixá-lo à vontade para agir naturalmente. Jackson é tímido quando fala de si, extrovertido perto de fãs – que existem e o idolatram – e triste ao lembrar de seu passado e de coisas que o magoam, como o sensacionalismo.

Sem um sucesso musical desde os anos 80, e com uma aparência cada vez mais parecida com a dos bonecos de cera que coleciona em um quarto de hotel em Las Vegas, Michael vive em um mundo patético. Com cabelos longos e negros, nariz vincado e lábios muito vermelhos, sua figura asséptica chama a atenção. No fim do programa, está de cabelos mais curtos e lábios mais enrijecidos do que antes.

Michael fala sobre a presença de crianças em seu quarto, onde “compartilha amor” com eles. Fala sobre a disciplina imposta por seu pai, que o usava como exemplo para os irmãos e batia nele com o que estivesse à mão. Bashir o coloca contra a parede ao fim do programa. Nos últimos 30 minutos, o cantor nega ter feito cirurgias plásticas e não acha errado ser um adulto que leva crianças para seu quarto.

O documentário tem cenas estranhas, como a do bebê Prince Michael II, apelidado de Blanket (manta, em inglês). Com essa criança Michael protagoniza o momento mais bizarro. Sentado em uma cadeira, dá mamadeira ao bebê, este com um véu sobre a cabeça. O menino tenta retirá-lo de suas narinas e é impedido pelo pai, que o ajeita no rosto da criança. Michael balança tanto as pernas – como se estivesse nervoso – com a criança no colo que esta fica chacoalhando o tempo todo.

O propósito era mostrar como Michael se importa com os filhos. A cena foi gravada depois da infeliz aparição na sacada de um hotel em Berlim, quando ele debruçou-se perigosamente com o bebê para mostrá-lo aos fãs.

Os outros dois filhos do cantor, Prince Michael, 6, e a menina Paris, 4, não irão à escola porque seu pai teme que eles sofram por serem filhos de Michael Jackson. Pelas ruas, ou durante um simples passeio pelo zoológico, suas crianças andam a seu lado com máscaras carnavalescas. Uma confissão fará tremer Juizados de Menores pelo mundo: o cantor pretende adotar pelo menos duas crianças de cada continente.

Michael seria um ingênuo traumatizado por um tratamento cruel na infância ou interpreta um papel onde faz o que quer, como quer e quando quer sem que ninguém diga nada? Pode provocar asco ou pena, mas dificilmente essas impressões caminharão juntas enquanto Michael Jackson for o assunto.




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