Pela primeira vez o Folias D’Arte, um dos grupos de teatro paulistanos mais conceituados, põe em cartaz uma montagem cuja direção não coube a um de seus membros. Pássaro da Noite, de José Antônio de Souza, estréia sexta-feira no Galpão do Folias, em São Paulo, sob a direção de Roberto Lage. Patrícia Barros e Nani de Oliveira se revezam no espetáculo solo durante a temporada. Patrícia faz às sextas-feiras e Nani, aos sábados.

Pássaro da Noite trata do universo feminino. Certo dia, a personagem se percebe em um espaço fechado, que não reconhece, sem contato com o exterior. Solitária, olha para o passado, para uma vida desregrada. Relembra amores, divaga sobre experiências. “Ela está numa busca eterna. Teve muitos amores, que foram embora como chegaram. Às vezes ela se lastima, mas nunca esmorece. Enfrenta as adversidades com bom humor e nunca desiste. O legal é que em nenhum momento a peça fica down”, diz Patrícia.

Outro aspecto interessante em Pássaro da Noite: com o mesmo texto, as atrizes criaram espetáculos diferentes. “Ensaiamos juntas só até um determinado momento. A personagem da Nani ficou mais expansiva, e a minha mais introspectiva”, afirma Patrícia. Isso se refletiu até mesmo na disposição da platéia. Às sextas, o público fica de frente para Nani. Aos sábados, Patrícia apresenta a peça numa semi-arena.

O grande amor da personagem de Nani é um cego; para a de Patrícia é um professor. E as atrizes não mexeram em uma vírgula do texto. “Cada atriz deu sua própria interpretação ao texto”, diz Patrícia. Os figurinos também são diferentes. “O meu é mais comportado e atemporal. O da Nani é mais contemporâneo”, afirma. Da mesma maneira, as trilhas sonoras são diferentes. “Comigo, a peça começa com um bolerão. Com a Nani, com um batucão”, diz.