O Papa Bento XVI insistiu nesta segunda-feira em retomar o diálogo sincero e respeitoso entre católicos e muçulmanos ante os embaixadores dos 22 países muçulmanos acreditados no Vaticano, convocados para uma reunião excepcional após as polêmicas provocadas por seus comentários a respeito do Islã.
Diante dos diplomáticos, o Papa manifestou seu respeito pela religião muçulmana e pediu a eles que apóiem o diálogo entre as religiões. Em um gesto diplomático, Bento XVI convocou para a residência pontifícia de Castel Gandolfo, nas proximidades de Roma, os representantes das nações de maioria muçulmana que mantêm relações com a Santa Sé.
"Do diálogo com o Islã depende nosso futuro, é uma necessidade vital. Precisamos absolutamente manter um diálogo autêntico com o objetivo de superar as dificuldades", afirmou o Papa diante dos 22 embaixadores e de quinze representantes de associações representativas na Itália do mundo muçulmano convocados pelo Vaticano.
O chefe da Igreja Católica assegurou que estava "satisfeito de ter convocado a reunião para assim consolidar os laços de amizade entre a Santa Sé e os países muçulmanos do mundo", sem entrar a fundo na controvérsia causada por seu pronunciamento sobre fé, violência e Islã na Universidade de Ratisbona e que desencadeou a ira da comunidade muçulmana.
A reunião, que durou cerca de meia hora, foi realizada na Sala Suíça da residência pontifícia e o discurso do Papa foi pronunciado em francês. O encontro foi transmitido pela televisão do Vaticano, assim como pelo canal árabe via satélite al-Jazeera.
O discurso do Papa para os embaixadores muçulmanos foi bem recebido pelo representante do Iraque na Santa Sé, Edward Ismail Yelda, que assegurou que o pontífice falou como era esperado.
Para a União das Comunidades Islâmicas na Itália (UCOII), o encontro com o Papa "apesar da rigidez diplomática é o sinal de uma disposição para o diálogo que deve ser valorizada", escreveu em um comunicado divulgado pouco depois da audiência.