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'Escola de lata' provoca revolta em São Bernardo
Rita Norberto
Do Diário do Grande ABC
05/02/2003 | 22:00
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As 840 crianças da 1º e 2ª séries da EE Professora Maria Maristela, no Jardim Thelma, em São Bernardo, iniciarão o ano letivo em salas de aula adaptadas em contêineres, espaços alternativos que ficaram conhecidos popularmente como escolas de lata. Muitos pais não aceitam esta situação.

Segundo o secretário municipal de Educação, Admir Ferro, as crianças ficarão nos contêineres “temporariamente”, para que elas não percam aula, até que a construção da Emeb (Escola Municipal de Educação Básica) Jardim Thelma, onde elas irão estudar definitivamente, fique pronta, o que está previsto para “no máximo 30 de abril”.

Com a municipalização do ensino fundamental, as cidades devem se responsabilizar pelo ensino básico. Em São Bernardo, a municipalização está em vigor desde 1998 e, segundo Ferro, São Bernardo já é responsável por 44 mil alunos de 1ª a 4ª série na rede municipal, o que representa 90% das crianças. Neste caso, a escola estadual ainda conseguiu manter, temporariamente, 420 alunos da 3ª e 4ª séries. Mas os alunos da 1ª e 2ª – que começariam na escola neste ano – têm mesmo de ir para os contêineres. Todos irão para a Emeb quando as obras acabarem.

Mesmo sendo provisório, muitos pais de alunos não aceitaram a situação. Nesta quarta pela manhã, uma comissão formada por 15 pais esteve na Secretaria Municipal de Educação para uma reunião com o secretário e à tarde iriam à Câmara Municipal pedir apoio aos vereadores. Para eles, o correto seria as crianças permanecerem na EE Professora Maria Maristela até que o prédio fique pronto.

“Acho uma falta de respeito. As crianças são muito pequenas e logo no primeiro ano de escola já sofrem este impacto de estudar dentro de uma lata, de um trem”, disse um dos pais, Vanderlei de Jesus, 43 anos, cujo filho ingressará na 1ª série. “Imagine neste calor, as crianças não vão agüentar”, disse a dona de casa Marilene Duarte Almeida, que tem uma filha de 6 anos.

Segundo o secretário municipal, os contêineres são adaptados e os alunos não sofrem com o espaço físico. “O contêiner é somente a estrutura. Dentro, ele tem forro término, que diminuiu o calor, e circulador de ar. As paredes são forradas e os alunos não encostam na lata. Também haverá uma estrutura montada com banheiro, diretoria, cozinha e pátio”, disse. Segundo Ferro, a escola deveria ficar pronta em janeiro, mas atrasou porque teve problemas com as chuvas.

A coordenadora da municipalização da Secretaria Estadual de Educação, professora Ana Maria de Oliveira Mantovani, também afirmou que os contêineres são adaptados e que as crianças permaneceram ali de forma provisória. Segundo ela, a municipalização é importante para que a cidade aproveite os recursos do Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério) criado com a Lei 9.424/96.




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