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Famílias temem serem
retiradas de suas casas
Renan Fonseca
Do Diário do Grande ABC
19/12/2010 | 08:57
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Ansiedade, incerteza e desespero. Assim se sente parte das famílias que habitam o Jardim Scaff, em São Bernardo, que, pela quarta vez consecutiva, ficaram aliviados pela suspensão da reintegração de posse. Se não fosse pela decisão da Justiça, mais de 500 famílias que ocupam a área particular de 88 mil metros quadrados há mais de 50 anos não teriam lar para comemorar o Natal. É a segunda vez que o pavor de ficar sem teto assola aquelas pessoas em período natalino.

A suspensão da Justiça é temporária. O terreno ainda pertence à família Skaf, que pede o local de volta por conta da valorização imobiliária, ensejada pelo Trecho Sul do Rodoanel. "Apesar da consequência social que a reintegração vai provocar, não podemos esquecer que a área é, por direito, da família Skaff", disse o juiz da 7º Vara Cível da cidade, Gersino Donizete do Pradro, que acompanha o drama desde 1997 e impediu a ação de reintegração que estava marcada para sexta-feira.

O Jardim Scaff de há muito é o lar de mais de 1.500 pessoas. Ali formaram família, reivindicaram água encanada e energia elétrica, construíram uma igreja e veem os filhos correrem pelo chão de terra e atravessar a Estrada da Servidão, por diversas vezes muito movimentada. "Por conta do tempo que estamos aqui nos sentimos proprietários. Lutamos muito para não sair. Mas todo ano temos que unir mais forças", disse a líder comunitária Dilza dos Santos, 47 anos.

Na maioria das casas, o sentimento de vitória conflita com o rancor. Este Natal todos vão comemorar em suas residências. "Mas já estamos nos preparando para o próximo ano. Aqui é nosso, mas sabemos que vão querer nos tirar daqui no futuro", continuou dona Dilza.

RELIGIÃO - Padre Cícero Batista Romão é o Padim Cícero no Ceará, onde ainda é aclamado pelos menos assistidos. Pastor Cícero Ferreira Santos, 55, esteve à frente das famílias do Jardim Scaff por cinco anos. Hoje dedica a vida à Assembléia de Deus, que construiu com a ajuda dos fiéis. "Toda vez que recebemos o anúncio de despejo, suspendo todos os trabalhos da igreja e reúno todos os irmãos para orarmos."

O coral de senhoras vai cantar no Natal do próximo ano? A igreja vai conseguir expandir o altar em 2011? Quantas crianças e jovens vão passar pela evangelização antes da reintegração? Pastor Cícero permanece com olhar brilhante, como se uma lágrima estivesse por cair. "Até quinta-feira todos aqui estavam tristes, chorando na igreja, pedindo muito a Deus. Vamos nos unir novamente assim que quiserem nos retirar", prometeu.

HISTÓRICO - A ocupação do bairro, localizado entre as estradas da Servidão (interligação Anchieta-Imigrantes), Galvão Bueno e Cama Patente, próximo ao Rodoanel, intensificou-se no fim da década de 1990. De lá para cá, o número de ocupantes cresceu de quase 100 para 502 famílias.

A Prefeitura agora pretende incluir os moradores no programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal. Para isso, solicitou judicialmente o prazo de dois anos.

Os responsáveis pela área indicaram à Polícia Militar, semana passada, quais glebas teriam de ser reintegradas. Essa determinação compete somente à Justiça. Por isso o juiz decidiu pela suspensão.

Ansiedade, incerteza e desespero. Assim se sente parte das famílias que habitam o Jardim Scaff, em São Bernardo, que, pela quarta vez consecutiva, ficaram aliviados pela suspensão da reintegração de posse. Se não fosse pela decisão da Justiça, mais de 500 famílias que ocupam a área particular de 88 mil metros quadrados há mais de 50 anos não teriam lar para comemorar o Natal. É a segunda vez que o pavor de ficar sem teto assola aquelas pessoas em período natalino.

A suspensão da Justiça é temporária. O terreno ainda pertence à família Skaf, que pede o local de volta por conta da valorização imobiliária, ensejada pelo Trecho Sul do Rodoanel. "Apesar da consequência social que a reintegração vai provocar, não podemos esquecer que a área é, por direito, da família Skaff", disse o juiz da 7º Vara Cível da cidade, Gersino Donizete do Pradro, que acompanha o drama desde 1997 e impediu a ação de reintegração que estava marcada para sexta-feira.

O Jardim Scaff de há muito é o lar de mais de 1.500 pessoas. Ali formaram família, reivindicaram água encanada e energia elétrica, construíram uma igreja e veem os filhos correrem pelo chão de terra e atravessar a Estrada da Servidão, por diversas vezes muito movimentada. "Por conta do tempo que estamos aqui nos sentimos proprietários. Lutamos muito para não sair. Mas todo ano temos que unir mais forças", disse a líder comunitária Dilza dos Santos, 47 anos.

Na maioria das casas, o sentimento de vitória conflita com o rancor. Este Natal todos vão comemorar em suas residências. "Mas já estamos nos preparando para o próximo ano. Aqui é nosso, mas sabemos que vão querer nos tirar daqui no futuro", continuou dona Dilza.

RELIGIÃO - Padre Cícero Batista Romão é o Padim Cícero no Ceará, onde ainda é aclamado pelos menos assistidos. Pastor Cícero Ferreira Santos, 55, esteve à frente das famílias do Jardim Scaff por cinco anos. Hoje dedica a vida à Assembléia de Deus, que construiu com a ajuda dos fiéis. "Toda vez que recebemos o anúncio de despejo, suspendo todos os trabalhos da igreja e reúno todos os irmãos para orarmos."

O coral de senhoras vai cantar no Natal do próximo ano? A igreja vai conseguir expandir o altar em 2011? Quantas crianças e jovens vão passar pela evangelização antes da reintegração? Pastor Cícero permanece com olhar brilhante, como se uma lágrima estivesse por cair. "Até quinta-feira todos aqui estavam tristes, chorando na igreja, pedindo muito a Deus. Vamos nos unir novamente assim que quiserem nos retirar", prometeu.

HISTÓRICO - A ocupação do bairro, localizado entre as estradas da Servidão (interligação Anchieta-Imigrantes), Galvão Bueno e Cama Patente, próximo ao Rodoanel, intensificou-se no fim da década de 1990. De lá para cá, o número de ocupantes cresceu de quase 100 para 502 famílias.

A Prefeitura agora pretende incluir os moradores no programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal. Para isso, solicitou judicialmente o prazo de dois anos.

Os responsáveis pela área indicaram à Polícia Militar, semana passada, quais glebas teriam de ser reintegradas. Essa determinação compete somente à Justiça. Por isso o juiz decidiu pela suspensão.




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