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Estresse preocupa meio empresarial
Antonio Rogério Cazzali
Da Redaçao
03/06/2000 | 19:52
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  O estresse empresarial tem sido um dos temas mais freqüentes nos últimos tempos, em funçao, principalmente, da grande competiçao dentro das corporaçoes, associada à violência urbana e à instabilidade econômica. Conforme disse o médico psiquiatra Cyro Masci - que também é membro da Academia Americana de Especialistas em Estresse Traumático e colunista do Diário - nao existem pesquisas específicas sobre a quantas anda o estresse entre o empresariado do Grande ABC. Entretanto, segundo ele, em funçao de sua experiência de consultório, esse número está crescendo.

Segundo Masci, embora o assunto esteja agora em evidência, o tema é muito antigo. "Na pré-história, o homem já se estressava fugindo de cataclismas ou tendo de se defender de animais perigosos. O tempo passou; contudo, o homem de hoje continua agindo da mesma forma que o homem da caverna diante dos desafios: ou se arma e ataca ou, entao, foge da situaçao. Ele precisa evoluir nesse sentido, vencendo as dificuldades com idéias melhores e mais criatividade", disse o psiquiatra, acrescentando que a receita nao é procurar o fim dos desafios, que sao inerentes à própria vida, mas, sim desenvolver aptidoes para responder rapidamente a essas situaçoes inusitadas.

Masci disse ainda que, uma vez estressada, a pessoa deve receber tratamentos que reequilibrem seu metabolismo interno. Nesse caso, a terapia ortomolecular que repoe vitaminas, aminoácidos e outros elementos consumidos pelo estresse, tem sido bastante utilizada. Além disso, exercícios físicos, mudanças alimentares, melhor gerenciamento do tempo completam o tratamento.

Conforme explicou Ademar Feiteiro, diretor-proprietário da Relacional Consultoria em Recursos Humanos, quando um empresário está estressado, a empresa sempre perde. "De maneira geral, o estresse dos trabalhadores afeta o desempenho e a qualidade de uma companhia. Entretanto, isso é uma conseqüência da estrutura piramidal das corporaçoes, que inibe a criatividade dos funcionários e estimula a competiçao acirrada", afirmou Feiteiro. Ele disse que a ameaça do desemprego, caso o desempenho nao seja satisfatório, em vez de estimular o funcionário, torna-o inseguro e pouco à vontade.

"Diante da área de Recursos Humanos, trabalhei 34 anos em grandes empresas, algumas multinacionais, e presenciei, nesse período, a morte de três empresários, no próprio ambiente de trabalho, vítimas do estresse", disse Feiteiro, acrescentando que, com medo de perder o posto, muitos executivos ocultam sintomas que podem estar sinalizando doenças sérias.

As perdas de uma empresa com um profissional estressado vao desde o mal atendimento a clientes, clima interno difícil, pouca comunicaçao, até o afastamento do executivo para tratamentos médicos. "As companhias investem muito em equipamentos de alta tecnologia, em busca de maior produtividade e qualidade, e pecam por nao envolverem nesse processo de excelência os seus profissionais", afirmou. Para ele, o maior prejuízo que pode ocorrer a uma empresa, associado ao estresse, é o bloqueio de idéias. "O estresse vem sempre acompanhado do mal humor e da afobaçao. Dois ingredientes que dificultam qualquer relacionamento. Um funcionário calado pode estar deixando de dar uma idéia que renderia milhoes", explicou.

A Scania Latin America, de Sao Bernardo, possui uma série de programas preventivos a seus funcionários, dos quais participam também todos os executivos. Um deles é o check-up periódico. Para os profissionais com até 50 anos de idade, um exame médico completo é feito a cada dois anos. Após os 50, o exame é anual. Conforme explicou o coordenador do serviço médico da Scania, Anderson Jorge Domenich, a partir do check-up, o funcionário recebe orientaçoes visando corrigir pontos vulneráveis em sua saúde e que contribuem para o estado de estresse. "Dependendo do exame, sugerimos ao funcionário uma outra dieta alimentar (opçoes que temos em nosso restaurante), prática de exercícios físicos, o ingresso em nosso programa antitabagismo, entre outros", disse Domenich.

Ele contou que um outro programa visando a qualidade de vida dos trabalhadores será implantado dentro de dois meses, o de prevençao de riscos cardíacos. Segundo ele, todos os empregados passarao por exames laboratoriais a fim de que se identifiquem possíveis problemas cardíacos. "Além disso, freqüentemente, realizamos palestras sobre estresse, seus riscos e como atenuar seu impacto com um número de participantes bastante grande", disse o coordenador.




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