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Duas escaladas perfeitas na noite
Cláudia Fernandes
Do Diário do Grande ABC
06/08/2007 | 07:15
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Foram necessários apenas dez minutos. Cinco para um prédio, cinco para o outro. Além de duas latas de spray preto. E a pichação da madrugada de sábado estava concluída.

Acompanhado pelo fotógrafo Ênio Cesar, o rapaz saiu por volta das 3h30 do sábado com a missão pré-determinada de escalar dois prédios em Santo André.

O primeiro perto do Parque Ipiranguinha, na Vila Alzira. Um prédio comercial. Como uma aranha, subiu os três andares do imóvel com facilidade. Na ponta dos pés, fez o traços característicos de sua gangue.

No início da pichação, três bonecos, que significam Sociedade Alternativa. Uma espécie de união entre os pichadores. Em seguida, as setas. E, por fim, numa letra alongada demais lê-se, com dificuldade, o nome Os Cururus. Nome que nem o pichador sabe explicar o significado, mas que é a grife da sua gangue e a identifica frente às outras.

Ele parte para o prédio da faculdade Fefisa, no Centro. São 4h30. Ali fica mais fácil de subir. Focado pelas lentes do fotógrafo, escala as grades de ar-condicionado das janelas e chega com rapidez acima do logotipo da instituição.

Plano - O fotógrafo Ênio Cesar diz já ter acompanhado outras aventuras do rapaz. Não só dele, mas de outros. Normalmente, eles não agem sozinhos.

“Eles já foram muitos aqui na região. Lá em São Paulo, o movimento ainda é forte. Eles se reúnem, trocam assinaturas, passam folhas de pichação, determinam o que vão fazer e se separam na noite”, afirma.

A escolha dos prédios é feita durante o dia. Eles olham, analisam quais as possibilidades de escalar os locais. Os mais altos, como se sabe, são os mais cobiçados. Dão visibilidade e pontos para as gangues.

O rapaz se exibe para o fotógrafo. De noite, ele tem segurança de seu trabalho e aposta na falta de policiamento. De dia, ele é mais um desempregado.



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