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Ecoturismo para salvar a Serra do Mar
Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
02/10/2006 | 22:20
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De costas para o Parque Estadual da Serra do Mar, o Grande ABC deve se transformar num dos pólos de ecoturismo da área de proteção ambiental. A instalação de bases em Santo André e São Bernardo está entre as prioridades do Plano de Manejamento, aprovado segunda-feira pelo Consema (Conselho Estadual de Meio Ambiente).

Os municípios são os únicos da região com porções de território localizadas dentro dos limites do parque. O uso irregular de trilhas e estradas acessadas a partir de São Bernardo e da vila de Paranapiacaba intensificou a degradação da fauna e da flora. Muitos caminhos foram fechados à visitação . Mas continuam a servir de rota para passeios irregulares, ao tráfico de animais silvestres e à extração irregular da vegetação.

O Plano de Manejamento cria normas para o uso e ocupação do solo e dos recursos da área de proteção. Reivindicação antiga dos ambientalistas, foi aprovado depois de 30 anos da criação do Parque Estadual da Serra do Mar.

O incentivo ao turismo ecológico foi uma das saídas encontradas pelo Consema para conter o processo de destruição gradativa do ecossistema.

“Queremos outras opções, que fogem um pouco do Caminhos do Mar. As trilhas já existem, mas são mal utilizadas. Tem gente que entra na Serra para acampar e faz fogueira, deixa lixo. E tem quem entre para capturar tucanos, papagaios, caçar aves, colher palmito, bromélias, xaxins. Tudo isso é prática ilegal”, explica a Adriane Tempest, diretora do núcleo Itutinga-Pilões do parque, que inclui o Grande ABC.

Pelo menos sete trilhas, com média de 6 km cada, devem ser reativadas na vila de Paranapiacaba e São Bernardo. A cidade também receberá uma área destinada à prática de esportes radicais, como rapel, arvorismo e escalada.

O plano coloca ainda como prioridade a remoção de famílias adensadas e a regularização fundiária – algumas áreas são particulares e precisam passar ao Estado, já que se trata de uma unidade de conservação ambiental. Estão na lista os bairros-cota de Cubatão e os moradores do km 40 da Anchieta, em São Bernardo. Comunidades históricas, como as quilombares, sitiantes e caiçaras, serão mantidas.

A ocupação irregular, a atuação de quadrilhas especialistas em crimes ambientais e a falta de diretrizes já causaram danos significativos a um dos ecossistemas mais importantes do Brasil. Mais de 16% do parque foi degradado, e outros 5% tomados por moradias insalubres, sem saneamento básico, e por casas de veraneio – são as denominadas Zona de Ocupação Permanente, e todas serão desocupadas. Sem contar as dezenas de espécies de ameaçadas de extinção (veja quadro ao lado).

Os parques da Serra do Mar e do Vale do Ribeira formam a faixa contínua mais extensa e a maior reserva de Mata Atlântica do país. “De toda a mata que cobria o Estado de São Paulo, só sobrou 8% em pé. Exatamente neste trecho. E só foi preservado porque são locais de difícil acesso”, avalia o diretor da Fundação SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani.

Ele critica a demora na aprovação do plano – “só estamos há 30 anos esperando” – e diz que teme não haver recursos para executá-lo.

“As tais Zonas de Ocupação Permanente vão continuar de ocupação ‘pra sempre’”, avalia.

Dinheiro – Não há recursos previstos para a execução do Plano de Manejamento. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente tem negociado com os 23 municípios que compõem o parque e aposta nas parcerias.

“Para instalar as bases de proteção, que precisam ser sinalizadas e vigiadas, vamos tentar parcerias com ONGs e com empresas”, explica a coordenadora do Parque Estadual da Serra do Mar, Adriana Mattoso.




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