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Pacientes temem falta de remédio contra mieloma

Último lote de talidomida disponível nos postos de Saúde da região vence no dia 31 de outubro

Victor Hugo Storti
Especial para o Diário
07/10/2016 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


Pacientes portadores do mieloma múltiplo, tipo de câncer que atinge a medula óssea, estão preocupados com a possibilidade de um dos medicamentos mais importantes no tratamento da doença ficar em falta nos postos de Saúde. Isso porque o último lote de talidomida produzido e disponível nos postos de Saúde da região tem como data de vencimento o dia 31 de outubro.

O medicamento, que não é comercializado e só está disponível para os pacientes na rede pública, é produzido pela Funed (Fundação Ezequiel Dias), de Belo Horizonte, em Minas Gerais. O Ministério da Saúde é o órgão responsável pelo pedido de produção e pela distribuição da talidomida para as secretarias estaduais e municipais, de acordo com a demanda.

A administradora Roseli Dall’oca, 50 anos, cuidadora da mãe, portadora do mieloma múltiplo, conta que ficou preocupada quando foi informada na Policlínica da Avenida Armando Ítalo Setti, em São Bernardo, que o medicamento para o mês de novembro ainda não está disponível. “É muito difícil por conta de ser uma doença grave. É uma situação estressante”, lamentou.

O advogado Rogério Oliveira, 46, que também vive com a doença, é o fundador da Abramm (Associação Brasileira de Mieloma Múltiplo). Ele explica que a falta da medicação pode acarretar em grandes dificuldades para os portadores desse tipo de câncer. “Por ser doença extremamente agressiva, os pacientes e as famílias têm medo. Se a pessoa tem uma recaída, os sintomas são muito mais fortes”, afirmou.

Oliveira conta que a situação é mais delicada por não haver alternativas na administração deste medicamento. “O que existe de opção são as novas gerações da própria talidomida, mas nós não temos acesso, já que não possuem registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Só por meio de ações judiciais, que são desgastantes”, concluiu.

Em nota, a Funed afirmou que a responsabilidade de distribuição da talidomida é do Ministério da Saúde e que os últimos lotes produzidos, em 2014, vencem no mês de outubro de 2016. Além disso, a Fundação disse que “solicitou à Anvisa autorização para a revalidação do prazo de validade desses lotes, como medida de excepcionalidade, a fim de evitar o desabastecimento do medicamento na rede pública de Saúde até que a produção possa ser retomada e ocorra a distribuição dos novos lotes às centrais de abastecimento farmacêutico estaduais e às unidades públicas dispensadoras.”

O Ministério da Saúde não se manifestou sobre o tema até o fechamento desta edição.




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