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Foi composta por Tom Zé e Vicente Barreto. É apresentada no disco, em duas versoes, uma cantada, outra instrumental. O single (um hábito que o mercado brasileiro nao assimilou: singles sao CDs com uma, duas, até três músicas, que custam mais barato) tem uma terceira faixa, outra parceria de Tom Zé e Vicente Barreto. Vale por um panfleto ou defesa de tese. Estabelece a convicçao dos autores. Chama-se "No Dia em Que a Bossa Nova Pariu o Brasil". Nesse dia, o nosso céu de anil nao ficou mais anil, diz a letra. "Nem mesmo o presidente encontrou motivo/ Pra um ponto facultativo".
Nao entenderam a importância, é o que a letra canta. Nao se percebeu que o Brasil estava sendo parido. No Dia em Que a Bossa Nova Pariu o Brasil é composiçao de 1992. Tom Zé a apresentou ao produtor David Byrne, que o lançou nos Estados Unidos (e no mundo). Mas, concluíram ambos, o assunto era muito regional. Dizia respeito ao Brasil, talvez a letra nao fosse entendida. Nao entrou no disco produzido por Byrne, "As Ancas da Tradiçao" (ou melhor: The Hips of Tradition).
Vaia de Bêbado nao Vale usa a primeira frase (musical e poética) de No Dia em Que a Bossa Nova Pariu o Brasil. A letra lembra aquele 1958 da invençao da bossa: "O Brasil só exportava matéria-prima (....)/ E o mundo dizia/ Que povinho retardado/ Que povo mais atrasado". Com a invençao da bossa, uma "Europa assombrada" passou a dizer: "Que povinho audacioso/ Que povo civilizado".
Arremata, em uma de suas partes: "Por isso, meu nego: vaia de 'bebo' nao vale/ De 'bebo' vaia nao vale".
A capa do disco é diagramada como uma página de jornal. Tom Zé Martins ocupa o cargo de editor-chefe de Imprensa Cantada, que tem lema: Um jornal a serviço da Música. Música, com maiúscula. Traz as letras das músicas e dois editoriais - um de janeiro de 1959, em que Tom Zé lembra como a bossa-nova bateu nele, no dia em que primeiro ouviu Joao Gilberto. Estava ainda na Bahia. O outro editorial é de agora. Tem o título de "Bossa Nova x Tropicália". Tom Zé compara a importância dos dois movimentos. Louva-se o tropicalismo. A bossa, na figura de Joao Gilberto, seu inventor, é vaiada.
Caetano, criador do tropicalismo, estava a seu lado, no palco, no dia da vaia. O single está nas lojas. A gravadora Trama sugere preço para o consumidor de R$ 10. A bossa Vaia de Bêbado nao Vale vai fazer parte do novo disco do compositor, que ficará pronto em janeiro e será lançado depois do carnaval.
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