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Gyarfi mostra seus tesouros em Santo André
Mario Gioia
Da Redaçao
16/02/2000 | 17:15
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A força do gesto é o principal motor da exposiçao Lithógrafo, Pedra, Arte - Roberto Gyarfi, que reúne 140 pedras litográficas e 98 gravuras da coleçao do mestre impressor de 46 anos, mais conhecido como Alemao, atualmente radicado em Sao Bernardo. A mostra, no Salao de Exposiçoes do Paço de Santo André, abre nesta quinta, às 20h, para convidados, e a partir de sexta para o público.

"A exposiçao serve como prova de resistência da litografia, um trabalho essencialmente manual, em meio a um saturado mundo eletrônico", afirma a curadora da mostra e coordenadora da Casa do Olhar, Paula Caetano.

De acordo com a curadora, o principal eixo da mostra é a exibiçao da centena de pedras litográficas que serviram de matrizes para a confecçao de rótulos de publicidade, documentos bancários e religiosos, entre outras funçoes.

As pedras fazem parte de um lote raro de 400 peças - originárias do fim do século passado e primeira metade deste - que pertenceram a Noclan Empresa Litográfica, de Salvador, na Bahia. O acervo foi adquirido em 1979, e estava armazenado em condiçoes precárias no Rio.

"As matrizes situam a litografia como uma arte autônoma e ilustram a transiçao de um período nas artes gráficas brasileiras, exibindo desde o apuro detalhista do bico-de-pena até as técnicas que anteciparam recursos do off set", conta Paula.

Na mesma oportunidade, Gyarfi conseguiu comprar uma prensa alema, marca Karl Krause, fabricada em Leipzig, entre 1800 e 1850. O equipamento também será uma das atraçoes da mostra, já que o litógrafo produzirá um lote de gravuras de Aldemir Martins durante o período da exposiçao, sempre com a participaçao do público. Assim, podem ser conferidos ao vivo a gestualidade e o esforço físico envolvido na realizaçao das gravuras. O resultado, em geral, sao obras de grande delicadeza.

A aparente contradiçao é exibida de forma exemplar nas 98 master prints (uma das primeiras cinco cópias das gravuras executadas na prensa, sempre assinadas pelo artista) de Gyarfi. Trinta delas, em pequeno formato e assinadas pelo paulistano Alex Cerveny, serao mostradas na Casa do Olhar. Entre outros destaques, estao a primeira e a última litogravura de Lívio Abramo, um dos mestres brasileiros na linguagem, e a última gravura feita pelo baiano Carybé (1911-1997), Garimpo.

Também serao expostos trabalhos de Amilcar de Castro, Arcangelo Ianelli, Carlos Vergara, Darel Valença, Renina Katz, Rubens Gerchmann, entre outros. Além da mostra, estao agendados debates com gravadores, sendo que o primeiro acontece no sábado que vem, às 14h, no Salao de Exposiçoes, com presenças confirmadas de Gyarfi, Antônio Peticov e Ubirajara Ribeiro. Na próxima segunda, a Casa do Olhar abrigará a projeçao do vídeo Litografia - A Pedra e a Arte, sobre o trabalho de Gyarfi.

Litografias de 14 artistas da regiao e de Sao Paulo, que freqüentam o ateliê de Gyarfi, também serao exibidas, em pequeno formato (12,5 x 17,5 cm). Ubirajara - que assina o texto de apresentaçao da mostra -, Edson Lourenço, de Santo André, e Marcos Garuti, de Sao Paulo, sao os nomes mais conhecidos.




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