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Casarões no Parque Regional encontram-se em estado crítico

Patrimônios históricos estão com estruturas pichadas e apresentam perigo aos visitantes

Leonardo Santos
Especial para o Diário
28/09/2016 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Frequentadores do Parque Regional da Criança, localizado no bairro Parque Jaçatuba, em Santo André, estão insatisfeitos com a situação precária dos casarões que a área de lazer abriga. Além dos problemas encontrados na estrutura dos equipamentos, a população teme pela segurança de crianças que brincam em torno dos imóveis.

O Diário esteve nesta semana no local e constatou a precariedade dos dois patrimônios da década de 1920, sendo que um deles abriga a Emia (Escola Municipal de Iniciação Artística) Aron Feldman.

Ambos os espaços apresentam pichações e desgaste nas paredes. O casarão ao lado da instituição de ensino está abandonado, com restos de galhos e folhas por toda área externa do local. Apesar de haver placa avisando que o imóvel está em processo de revitalização, as obras estão atrasadas, segundo os munícipes.

Moradora do bairro, Durvaline Roque, 56 anos, sempre caminha pelo parque de manhã e comentou que a reforma está atrasada. “Mesmo com a placa, as obras sequer começaram. Eles (Prefeitura) deveriam, pelo menos, interditar a área”, salienta. “Muitas crianças passam e brincam por aqui, e podem se machucar.”

“As pessoas deveriam ter consciência e parar de pichar os casarões. Eles são parte da história da cidade e devem ser preservados”, disse o metalúrgico Claudomir Garcia, 41. “Sempre vejo crianças em volta do casarão abandonado. O solo na entrada está com desnível, é perigoso.”

A dona de casa Shirlei Alves, 61, vai ao parque todos os dias para se exercitar e acredita que a estética do ambiente fica prejudicada. “O espaço é ótimo, mas esse abandono acaba com a beleza do local. Se restaurassem, ficaria muito bom”, avalia. “Quando a Emia foi reformada, ficou linda. Mas é preciso fazer mais vezes.”

A administração de Santo André informou que o casarão ao lado da Emia é tombado pelo Comdephaapasa (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André) “e necessita de restauro, não reforma”. “A varanda externa possuía um fechamento com tapume que necessitou ser removido e será reposto em no máximo 15 dias”, afirmou o Executivo, em nota.

Já a Secretaria de Segurança Urbana e Comunitária esclareceu que mantém o patrulhamento no local com viaturas durante o dia, inclusive estacionadas nos horários de maior frequência de público. “No período noturno existem equipes fixas que cobrem, principalmente, os horários de aula das redondezas”, concluiu a Prefeitura.

Santo André precisa preservar este espaço

Há um ano, quando completou seus 25 anos, a Emia Aron Feldman nos foi mostrada, interna e externamente, pelo seu principal interlocutor – e zelador – o Zeca Capellini. Estava um brinco. E a celebração do jubileu de prata ocorreu em um ambiente festivo e dos mais agradáveis. Presença de alunos, pais, amigos e professores, de hoje e de ontem.

A celebração ganhou duas páginas em Memória. E pudemos relembrar as origens do casarão principal, obra de Erasmo Teixeira de Assumpção, empreendendor, criador de loteamentos referenciais da cidade que ganharam o seu nome – Vila Assunção e Parque Erasmo Assunção, e de um terceiro, Vila Curuçá – Curuçá um dos cavalos de raça prediletos do patrão, ganhador de corridas no antigo hipódromo de Mooca.

Claro, na época, fizemos um ontem e hoje. Zeca apontando o casarão, todo pintadinho em 2015; e a foto dos tempos do Erasmo Assumpção, em 1935 ou 1936, tempo do Haras Jaçatuba ou Chácara Jaçatuba; hoje Parque Jaçatuba.

Ou seja: preservar o casarão e seu espaço em torno é uma obrigação. Um justo pagamento a uma herança única de uma Santo André preservada, com cada vez menos espaços que a levam a um passado em que, rural e bucólica, caminhava a passos largos para a industrialização acelerada – processo que neste momento também vai se perdendo. (colaborou Ademir Medici)




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