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Erótica Fair tem prazer para dar e vender
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
09/03/2001 | 19:05
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Aberta a temporada do amor picante em São Paulo. Desde quinta-feira, a Vila Guilherme passou a abrigar a Erótika Fair, feira que chega à quinta edição como uma das mais significativas do globo, ao lado de eventos similares realizados em Barcelona, Berlim, Las Vegas e Amsterdã. O pavilhão do Mart Center (r. Chico Pontes, 1.730) é o xis do pecado no mapa paulistano até a próxima terça-feira, sempre das 15h às 23h. O ingresso custa R$ 15 e a entrada é proibida para menores de 18 anos.

E não é à toa que a feira deixou de adotar o nome de Pornográfika Fair. “O erótico que ilustra o evento é voltado para quem pretende melhorar o relacionamento amoroso”, indica Evaldo Shiroma, o empresário por trás da criação e da organização da feira, com a intenção de evitar confusões e possíveis libertinagens. “Para entender a diferença brutal que existe entre erotismo e pornografia, basta consultar o pai dos burros, o Aurélio (dicionário).”

O patriarca dos Buarque de Holanda pode ser poupado da “cola” logo aos primeiros dos 12 mil m² do Mart Center. Um dos estandes próximos à entrada do pavilhão anuncia: “Vendemos prazer.” Entenda como quiser o tal prazer, que pode contemplar até mesmo a gastronomia. Sim, um dos aperitivos na Erótika são os choco-eróticos, chocolates com um repertório amplo de formas e cores. Mas é a genitália masculina a campeã nas reproduções em cacau, que, por enquanto, joga para escanteio o uso de qualquer trocadilho com o verbo comer. Açúcar de um lado, látex do outro. A inspiração – o pênis – continua a mesma, mas as matérias-primas...

De todos os tamanhos e com as mais variadas funções, é notável a presença de imitações do dito-cujo no estande da Love Place, sex shop que participa pela segunda vez do evento. “Numa vitrina, o pênis de borracha chama mais atenção, mas os cremes e as pomadas afrodisíacas ainda lideram as vendas, seja na loja em Santo André, seja aqui.” A declaração é de Denise Sato, proprietária da Love Place, instalada há dois anos na cidade do Grande ABC.

Nos corredores, fora dos estandes, desfilam num trânsito constante homens de tanguinha e mulheres caracterizadas como gatinhas, domésticas e freiras. “Das fantasias, a mais pedida é a de enfermeira”, acrescenta Denise, que atribui a preferência ao sucesso da Enfermeira do Funk.

Mais uma vez o funk! E se o tapinha não doer, sobram apetrechos para rimar dor e prazer. A turma sadomasô tem cadeira cativa em boa parcela dos 70 expositores da Erótika, tal é a quantidade de chicotes, máscaras, lingeries de couro e vinil, correntes e aparelhos que reciclam o maquinário de tortura da Inquisição. A restauração do acervo de sadomasoquistas em geral está garantida também com a participação de um expositor que comercializa produtos para cristalizar couro. Apesar de um dos responsáveis pelo estande garantir que seu público-alvo não são os adeptos do troca-tapas, a película é ideal para “dar aquele talento” num chicotinho velho ou no colete de carrasco encostado no guarda-roupa.

Nesse coquetel para a alcova – incrementado por bonecos articuláveis, que lembram peças do merchandising de Star Wars e de Jornada nas Estrelas, cujo figurino é baseado nos integrantes do Village People –, há um foco de congestionamento. No estande em que Mário Lucena autografa seu livro, Sexo: Foi Bom pra Você?, foi instalada a cabine do Buraco Quente, brincadeira com um regulamento bem simples. O visitante introduz a mão na cabine depois de escolher entre três furos numa parede, sem saber o que há do outro lado. Ficam duas dicas, sem revelar a surpresa: o tato é o sentido privilegiado; e os visitantes, ao retirarem a mão com brindes como um exemplar da revista Brazil Sex Magazine ou uma cópia do vídeo O Enigma de Malu, não disfarçam a expressão da mais pura decepção.




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