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Filme triste

Gleisi Hoffmann sempre conviveu bem com os demais senadores, Lindbergh Farias há muitos anos

Carlos Brickmann
28/08/2016 | 07:52
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Gleisi Hoffmann sempre conviveu bem com os demais senadores, Lindbergh Farias há muitos anos faz o tipo de bom-moço, Lula já desistiu faz tempo de tentar salvar o mandato de Dilma Rousseff (hoje, tenta salvar sua pele e a de sua família). Luzes, câmera, ação! Gleisi passa a ofender seus colegas aos gritos, Lindbergh vai para cima de Ronaldo Caiado, Lula manda preparar o jatinho que o levará a Brasília para usar seu prestígio na tentativa de convencer senadores a mudar de posição e votar contra o impeachment (e a tempo de ouvir o discurso de despedida da companheira Dilma).

A vida imita a arte – e todos desempenham seus papéis no filme ‘Impeachment’, encomendado pelo PT à cineasta Petra Costa. Tudo o que for dito e realizado contra o impeachment aparecerá no filme; atos e vozes em favor do impeachment sofrerão impeachment, e ficarão fora do filme.

É para aparecer bem no filme que Dilma fará um discurso emocional, talvez com choro no fim. Congela-se a imagem logo após uma declaração de amor ao Brasil, à democracia, à justiça social. Sobre a imagem congelada, um texto em letras bem grandes dirá que a democracia perdeu uma batalha, mas Dilma e Lula continuarão lutando para restabelecê-la no Brasil. A última cena talvez traga local e data. Quem assistir, vestido de vermelho, gritará algo como “A luta continua” ou “No pasarán”.

Sempre que essa expressão for usada, saiba que já passaram.

Os sem-filme
A CUT informou a Dilma que não terá como encher de militantes a Esplanada dos Ministérios, por falta de dinheiro. Ou seja, depois que os companheiros deixaram o governo, cessou o fluxo de recursos e hoje não há como investir nem nos ônibus, nos sanduíches e no Dolly?

Fora do ar
Júlio Marcelo de Oliveira, procurador do TCU (Tribunal de Contas da União), ouvido como informante no processo contra Dilma, pronunciou uma frase notável (que é melhor guardar de memória, porque no filme não deve entrar): “O dolo grita nos autos. Se a presidente da República não tiver responsabilidade sobre decretos e medidas provisórias, porque foram elaborados pela sua equipe, ela não vai ter responsabilidade sobre nada. Essa é uma tese da irresponsabilidade do governante”.

Jogando o destino
De todos, Lula é quem tem os problemas mais sérios. A Polícia Federal o indiciou, ao lado da mulher, Marisa Letícia, e do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, no inquérito sobre o apartamento triplex do Guarujá. O enquadramento ocorre por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Ao indiciar alguém, a PF considera que há motivos suficientes para considerar que pode ter cometido um crime. Mas é uma etapa inicial do processo, que ainda passa pelo Ministério Público e Justiça. Lula é também alvo de três investigações da Lava Jato em Curitiba.
Por isso é que Lula chefiará a luta contra o impeachment. Para ele, é essencial, nessa hora, aparecer bem no filme.

O palco é a vida
Não dê importância para as críticas do PSDB às medidas econômicas do presidente Michel Temer, nem para as ameaças de rompimento dos tucanos com o governo. Não vão romper, não. Nem vão fazer mais que oposição barulhenta, porém superficial, ao aumento dos ministros do Supremo para quase R$ 40 mil mensais, “enquanto não há dinheiro para melhorar o que ganham os aposentados”. Em caso de emergência, quem julga os políticos não é o aposentado. Tucano pode cometer muitos erros, mas não é louco.

Há poucos dias, três caciques tucanos – Aécio, Aloysio Nunes e Antônio Imbassahy – jantaram com o presidente Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Foi um longo encontro, de quase três horas. E ninguém criticou medidas econômicas nem se opôs a aumentos salariais. Isto é que é ficar no muro: criticar em público e calar-se na hora correta de falar.

A vida real
O caro leitor provavelmente já teve oportunidade de assistir ao horário eleitoral gratuito, que começou na sexta-feira. Uma informação importante: não é gratuito. As emissoras cobram tabela cheia do governo – que, embora seja cliente importante, deve ser o único a pagar o preço de tabela sem desconto. Este preço é tirado dos impostos que a emissora deveria pagar. Os candidatos não pagam pelo tempo, mas uma boa parte dos gastos da campanha ocorre na produção do programa eleitoral. Já a população paga duas vezes: cobrindo os impostos que as emissoras deixam de pagar e aguentando assistir a serviços de primeiro mundo que só existem aqui nas animações da TV. Enfim, serão no total dez minutos de cada vez, divididos entre todos os candidatos.

Na TV, das 13h às 13h10 e das 20h30 às 20h40. No rádio, das 7h às 7h10 e das 12h às 12h10. Portanto, divirtam-se! 




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