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Projetos tentam novos usos para rio
Isis Mastromano Correia
Do Diário do Grande ABC
20/01/2009 | 07:00
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Projetos amplos e ousados tentam dar um novo sentido para as águas do Rio Tamanduateí. Transformadas no principal desaguadouro do esgoto de Mauá e Santo André, há luzes no fim do túnel apontadas por especialistas e até mesmo pelo poder público que sugerem um futuro promissor para as águas e seu entorno.

Vem da Prefeitura de Santo André um dos planos pioneiros para reverter a condição imposta ao rio ou pelo menos à suas margens.

Trata-se do projeto Eixo Tamanduatehy que completa 11 anos em 2009, mas que até agora não foi concluído.

Concebido na gestão do ex-prefeito Celso Daniel, a ideia era requalificar uma faixa de 12,8 km² ao longo da ferrovia e da várzea do rio com a construção de condomínios residenciais, hotéis, escritórios, supermercados, centros educacionais e áreas verdes projetadas.

O grande calcanhar-de-aquiles do Eixo Tamanduatehy, por contradição, é o próprio rio, que, pelo arranjo proposto, permaneceria morto, sem utilidade.

Especialistas acreditam que o projeto andreense falha ainda por depender em demasia da iniciativa privada para avançar.

"O único empreendimento público atraído para o eixo formado pelo rio foi a UFABC (Universidade Federal do ABC), na Avenida dos Estados", lembra a socióloga da USP (Universidade de São Paulo) Rosangela Fred Lino.

ABC Plaza Shopping, a rede de hotéis Ibis, o Auto Shopping Global, o Carrefour e a UniABC são frutos do projeto municipal.

João Avamileno (PT), ex-prefeito de Santo André que herdou a missão de levar o Eixo Tamanduatehy adiante, garantiu em entrevista concedida ao Diário, dois meses antes de deixar o comando da cidade, que 70% do projeto foi concluído. Fica para trás a famigerada Cidade Pirelli, obra que prometia a construção de diversos blocos comerciais, casa de espetáculo, rua 24 horas, centro de convenções e um hotel quatro estrelas - uma parceria entre a empresa italiana e a Prefeitura.

Procurada, a atual administração de Santo André não informou se dará continuidade ao projeto que costuraria as duas metades de Santo André, historicamente divididas pelo rio.

"Há ainda o problema de áreas que deveriam ser de utilidade pública, como são as margens de um rio, que acabam ocupadas pelo setor privado", aponta a cientista social da USP, Denise Ribeiro, especialista em sociologia urbana.

Na Capital, o Fura-fila, nascido na era do ex-prefeito Celso Pitta, foi, na visão de urbanistas, um projeto que tinha tudo para desoprimir o vale do Tamanduateí.

Um dos pecados foi o projeto ignorar a ligação que poderia ser feita com o sistema ferroviário, a Linha 10 (Luz-Rio Grande da Serra) da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

O problema é que, mais uma vez, a água do rio ficaria em segundo plano.




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