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Salvos pelos órgãos de Eloa comemoram
Willian Novaes
Do Diário do Grande ABC
14/10/2009 | 07:36
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Maria Augusta Silva dos Anjos, viajou de São Paulo para Parauapebas, no interior do Pará, no fim de semana. Lá, comemorou com antecedência duas datas de aniversário: dos 40 anos de vida e do primeiro ano da cirurgia que lhe permitiu viver mais. Em 20 de outubro de 2008, ela recebeu o coração de Eloa Cristina Pimentel, 15, morta pelo ex-namorado Lindemberg Alves Fernandes, 23, três dias antes, no fim trágico do mais longo cárcere privado do Estado.

Outras quatro pessoas foram beneficiadas com o gesto nobre da família de Eloa. Foi a mãe da garota, Ana Cristina Pimentel da Silva, 43, quem autorizou a doação dos órgãos. Talvez por isso, Maria Augusta e Ana Cristina tenham desenvolvido um vínculo de amizade que dura até hoje. A mulher que recebeu o coração de Eloa estava na fila de espera pelo transplante havia dois anos, devido a um problema congênito.

"Ela está muito bem de saúde e na expectativa de marcar o casamento. Minha irmã já sofreu muito na vida. Desde pequena, ela tinha uma série de limitações por causa da doença", conta Messias dos Anjos, seu irmão.

O mecânico industrial Emerson Gentil Dardis, 26, já pensa em voltar ao trabalho, depois de quatro anos afastado por causa do tratamento de saúde a que foi submetido. Ele passou três anos fazendo sessões semanais de hemodiálise. Agora, diz que sua vida voltou ao normal, após o bem-sucedido transplante de rim e pâncreas. "Está tudo às mil maravilhas", resume.

Emerson lembra que teve um pressentimento quando a mãe de Eloa anunciou, na TV, que faria a doação dos órgãos da filha. "Estava com um amigo numa lanchonete, e ele disse que os órgãos que a mãe da Eloa doaria seriam meus. Eu respondi: ‘Bem que poderia mesmo, porque estou precisando'", recorda. Dez minutos depois, sua mãe telefonou dizendo para ele voltar rápido para casa, porque o hospital tinha ligado. "Meus amigos falam que vou ficar com jeitinho de mulher. Mas o importante é que estou bem", brinca.

A bacharela em Direito Lívia Amodio Novais, 29, ainda se recupera do transplante de córnea no olho esquerdo. A esperança faz com que ela tenha paciência no processo de cicatrização. O último ano foi de mudanças positivas na vida dela. Primeiro, foi a chegada do filho, após dois anos esperando pela adoção. Na sequência, ela recebeu a notícia que havia uma córnea no seu perfil. Ela recusou a primeira opção porque era de uma pessoa idosa. "Pensei: ‘Já que esperei tanto tempo, vou aguardar mais um pouco'. Nem acreditei quando recebi o outro chamado uma semana depois", afirma.

Os outros órgãos foram doados para um adolescente de 15 anos, que recebeu um rim, e uma jovem de 18, que ficou com os pulmões.




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