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Ambulatório de ginecologia é fechado

Medicina do ABC encerra serviço e pacientes serão transferidas para unidades de Saúde

Angela Martins
Do Diário do Grande ABC
28/02/2012 | 07:00
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Um dos canais de atendimento mais tradicionais da Faculdade de Medicina do ABC deixará de funcionar a partir de quinta-feira. Desde a manhã de ontem, o Ambulatório de Ginecologia e Obstetrícia deixou de marcar consultas e no próximo mês serão encerradas definitivamente as atividades no campus universitário. As consultas serão transferidas para UBSs (Unidade Básica de Saúde), AMEs (Ambulatório Médico de Especialidades) e UPAs (Unidade de Pronto Atendimento).

A notícia caiu como uma bomba para as pacientes que faziam tratamentos no local, que oferecia os serviços de rastreamento de lesões suspeitas no colo do útero (detecção de câncer), ginecologia endócrina (transtornos hormonais), menopausa e climatério e osteoporose. "No caso do rastreamento do câncer do colo de útero, apenas o Hospital Estadual Mário Covas tem um dia na semana destinado a esse tipo de atendimento. As UBSs não estão preparadas para o trabalho e certamente haverá demanda reprimida", revela o coordenador do ambulatório de Obstetrícia e Ginecologia César Eduardo Fernandes. A equipe médica tomou conhecimento do fechamento da unidade no fim do ano passado e, desde então, tem tentado reverter o quadro. "Ainda estamos esperançosos de que a faculdade veja como esse serviço é relevante para a sociedade e reverta essa decisão", continua. Segundo Fernandes, a explicação dada aos médicos é de que o fechamento se dá por problemas financeiros e administrativos. "O ambulatório ainda prestava importante serviço à instituição no ensino dos alunos de Medicina e era celeiro de teses de mestrado e doutorado", avalia o coordenador.

Entre 150 a 200 pacientes passam por mês pelo ambulatório.

Readequação

Em nota, a FMABC informa que nenhuma paciente ficará sem atendimento ou terá o acompanhamento descontinuado, tendo em vista que as equipes que atuam em UBSs, UPAs e AMEs são as mesmas vinculadas à disciplina de ginecologia e obstetrícia. O motivo da mudança de endereço dos atendimentos seria a readequação das especialidades oferecidas no campus universitário, para oferecer melhor acolhimento e seguimento aos pacientes. Os agendamentos passaram a ser realizados 100% via Central de Regulação de Serviços de Saúde.

Quanto às críticas da equipe médica, a faculdade avalia que "alguns profissionais de Saúde e docentes nem sempre conhecem a dimensão das possibilidades da rede pública. Além disso, hoje, principalmente em municípios como Santo André, São Bernardo e São Caetano, há leque muito grande de oportunidades para elaboração de ampla gama de procedimentos". Assim como o exame diagnóstico para detecção de câncer de colo de útero, que "é amplamente disponibilizado na rede pública de Saúde".

Pacientes fazem abaixo-assinado por atendimento

As pacientes que ontem foram até o ambulatório e ouviram a notícia do encerramento das atividades no espaço resolveram fazer abaixo-assinado para que o atendimento não seja interrompido. Cerca de 100 mulheres já haviam demonstrado descontentamento com o fechamento da unidade pela manhã.

"Faço tratamento para menopausa e climatério há 16 anos e sempre fui muito bem atendida pelos médicos, que são extremamente competentes. Estou chocada com essa notícia. Isso não pode acontecer", define a motorista Haryan Kowalsky, 50 anos, moradora de Santo André. A sensação das pacientes é de desespero. "Estamos nos sentido descartadas pela faculdade", resume a dona de casa Juraci Falcão da Silva, 62.

A opinião é compartilhada pela dona de casa Abigail Silveira Leite de Souza, 61, moradora de São Bernardo. "Os médicos conhecem nosso histórico. Com certeza o atendimento não será o mesmo nas unidades de Saúde", argumenta.




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