Jim Jarmusch é caso a ser avaliado separadamente na filmografia norte-americana. Enquanto Miramax e congêneres esgoelam o título de independentes na terra do cinemão (pois de emancipados têm pouco ou nada), Jarmusch é independente de fato, desprovido dos subsídios de qualquer estúdio que seja – filmes seus, não raro, são bancados com recursos exteriores. Sobre essa figura debruça-se a mostra que o Cine Segall, em São Paulo, promove neste fim de semana.

Estranhos no Paraíso e Daunbailó são seus dois mais famosos filmes e os escolhidos pelo Cine Segall. Convergem aqui as motivações dramáticas essenciais de Jarmusch: tanto os personagens desinteressantes à luz do cinema épico como a vida na estrada, ao mesmo tempo transição e terapia dessas figuras errantes.

Estranhos no Paraíso é o primeiro longa-metragem de Jarmusch, o princípio do pós-modernismo consciente do diretor, que agrega uma estética de motel ao registro em preto-e-branco da realidade. Um jogador compulsivo, que imigrou da Hungria para os Estados Unidos, recebe a visita de uma parente sua da Europa.

A impossibilidade da convivência em Estranhos no Paraíso repete-se em Daunbailó, no qual o dia-a-dia de dois presidiários afeta-se com a chegada de um terceiro, imigrante italiano acusado de cometer um homicídio. A estrada acabará por representar uma alternativa além dos limites da prisão, das relações familiares e da nação (no caso dos imigrantes). E essa é apenas uma das possibilidades de análise do cinema jarmuschiano.

Mostra Jim Jarmusch – exibição de filmes do diretor norte-americano. Estranhos no Paraíso (Stranger than Paradise, 1983): Sábado e domingo, às 15h; Daunbailó (Down by Law, 1986): Sábado e domingo, às 17h30. No Cine Segall – r. Berta, 111, São Paulo. Tel.: 5574-7322. Ingr.: de R$ 8 a R$ 10.