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Sto.André: roubo de carro sobe 73%
Delmar Marques
Da Redaçao
19/06/1999 | 18:51
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Santo André é o município paulista com maior número de vítimas dos ladroes de veículos, depois da capital. No primeiro quadrimestre deste ano, foram roubados e furtados 4.152 carros, 1,92% do total da frota de automóveis da cidade, o que representa um crescimento de 73% sobre igual período do ano passado. O que mais impressiona é que Santo André apresenta a mais alta taxa de evoluçao desse tipo de crime de toda a regiao metropolitana, como se as quadrilhas de roubos e furtos de carros estivessem transferindo suas atividades para um único município. Enquanto em Santo André os roubos a carros cresce a uma taxa de 73%, nenhuma outra seccional do Estado apresenta aumento superior a 43%.

O delegado da Seccional de Polícia do município, Joao Gilberto Pacifico, acredita que o fato de três delegacias de Santo André - os 3º, 5º e 6º distritos policiais - nao terem plantoes, fechando as portas depois das 19h, facilita a açao dos assaltantes. "Os ladroes sabem que os proprietários terao mais dificuldades em lavrar os boletins de ocorrência e que terao mais tempo para desaparecer com os carros".

Pacífico justifica a falta de plantoes pela deficiência dos quadros policiais na regiao. Problema que se repete em Sao Bernardo, Sao Caetano, Diadema e Mauá, onde algumas delegacias também nao têm plantoes 24 horas.

Como o sistema de comunicaçoes da Polícia Militar, o Copom, só transmite os dados dos carros roubados e furtados após ser lavrado o BO, Pacifico considera que os ladroes podem levá-los calmamente para os desmanches nos municípios vizinhos, nas Zonas Norte e Leste de Sao Paulo e em Guarulhos. "Prova disso é o fato de encontrarmos as sucatas abandonadas de veículos roubados aqui nas áreas limítrofes", afirmou.

Também pesa, segundo o delegado, o fato de terem sido desmobilizadas as equipes do Garra (Grupo Armado de Repressao a Roubos e Assaltos) que funcionavam até um ano atrás. Com a prisao do investigador Gilberto Shigueru Hissamune, o Giba, e o suposto envolvimento do delegado assistente Edmilson Brancalion em formaçao de quadrilha, as 14 equipes do Garra da Seccional de Santo André foram reduzidas a cinco, que operam sem seus quadros completos de investigadores e nao fazem turnos de 24 horas.

Pacifico afirma que, diante do crescimento da atuaçao das quadrilhas de roubos e furtos de carros, pretende reativar as equipes de Garra, instalando pelo menos oito e conseguindo pessoal para que duas trabalhem em regime 24 horas. Mas é algo que, segundo ele, está apenas nos seus planos. "Nao tenho data prevista", disse.

Mesmo com um crescimento menor desse tipo de atuaçao criminosa na sua área, o delegado da Seccional de Polícia de Sao Bernardo, Pedro Liberal, nao tem discurso diferente. Para ele, também sao as regioes limítrofes as responsáveis pelo desaparecimento dos carros roubados e furtados nos dois municípios de sua jurisdiçao, Sao Bernardo e Diadema. "É preciso ver onde estao os desmanches", afirmou.

Liberal ressalta que as empresas dedicadas à comercializaçao de peças de veículos usados trabalham sem uma fiscalizaçao adequada e que a polícia tem dificuldades em investigá-las. "Enquanto os fiscais da prefeitura podem entrar livremente numa oficina para verificar suas atividades, os policiais precisam ter evidências concretas de que lá funciona um desmanche de carros roubados e solicitar um mandado de busca e apreensao, documento sem o qual qualquer invasao será considerada ilegal e a prova poderá ser anulada por um advogado habilidoso", afirmou.




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