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Para alçar voo livre

Cantor Pedro Mariano lança oitavo disco independente
e aposta em novos ritmos como jazz, R&B e até o baião

Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
28/02/2012 | 07:35
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Quinze anos de carreira e sete discos depois - tempo suficiente para que se tenha a percepção da fórmula do sucesso e dos motivos dos tropeços -, Pedro Mariano toma as rédeas da sua vida artística. Independência, agora, não só criativa, mas também de gestão. O resultado está no álbum (Microservice S&D, R$ 25 em média).

"Quando suas ações surtem mais efeitos do que as ações pasteurizadas das gravadoras, você percebe que não é só o dinheiro. Hoje, tenho autonomia, seja ela artística ou comercial, de pôr um disco na rua. E caso eu sinta que não está surtindo efeito, tenho poder de mudar o projeto. Conheço cada peça integrante desta máquina", diz o cantor.

Mariano, que nunca teve problemas com as grandes companhias pelas quais passou, preferiu assim pela liberdade de tocar os seus projetos, do início ao fim, da maneira que achar melhor. "As gravadoras pegam todos os projetos do ano e jogam na água. O que nadar é peixe. O mercado está a toque de caixa, tudo muito nervoso, para ontem. O cara já tem que chegar lá sendo o Michael Jackson."

O filho de César Camargo Mariano e Elis Regina acredita que muito talento fica perdido nestes tempos em que o dinheiro e os departamentos de marketing regem a audiência musical: "Na época do meu pai e da minha mãe as empresas confeccionavam os artistas. Ninguém tentava transformar um Chico Buarque em Caetano. Trabalhava-se para burilar cada artista."

Ao largo desta decisão - e com a ajuda da equipe que ele montou para promover o projeto -, o cantor foi esmerando o disco ao longo da sua última turnê, testando sonoridades e o repertório ao lado do público. "Logo no começo você atira para todo lado e começa a afunilar. O artista tem que se propor, se jogar um pouco, sua essência deve ser a inquietude. O maior risco que o músico tem é sentar em cima dos louros. Daí, ele deixa de ser artista e passa a ser funcionário da música."

FRESCOR
Independência e inquietude não transformaram o Pedro Mariano que todos conhecem há tempos em alguém que nunca se ouviu. Sem perder a veia pop e romântica, o cantor soube renovar, preencher espaços com novos sons.

"Esse próximo passo não significa necessariamente um passo revolucionário. Às vezes é você se permitir caminhar por vertentes que você não tinha experimentando. No meu caso, foram as coisas que eu gosto, que fazem parte do meu dia, mas que eu deixava de experimentar por ser enquadrado em um plano de carreira."

O resultado: música popular brasileira com um toque a mais. "Consegui ser MPB como sempre fui, mas permeei esse disco com vertentes musicais de forma bem mais contundente. A música popular brasileira, que sempre foi condutora, nesse disco é convidada especial. Ela está nas características das letras, em referências nas harmonias, nas pulsações rítmicas."

Jazz, R&B, rock, e até baião, um caldeirão de influências, fez da obra um caleidoscópio de ritmos em cores mais leves. O que dá para perceber de diferente é um zelo maior no som, pensado principalmente por Mariano, Conrado Goys e Otavio de Moraes, parceiros de longa data. "A essência do disco, essa coisa mais visceral, orgânica, bem com cara de banda, foi natural. Dá para fazer um som moderno com banda."




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