Uma passeata com saída do barraco de madeira onde o padre morou – coincidentemente localizado nas proximidades do local de sua morte – seguirá em direção à paróquia São José para a celebração de missa em sua homenagem, às 16h. O objetivo da caminhada pela rua Padre Léo Comissari, porém, vai mais longe: pedir à comunidade um basta à violência.
Para demonstrar respeito às ações feitas pelo missionário em favor dos moradores do Jardim Silvina, os participantes vão carregar fitas brancas, o símbolo da Caminhada da Paz.
Atualmente, o maior projeto desenvolvido pela irmandade católica foi a construção de um centro profissionalizante para pessoas de baixa renda. Com a morte do padre, a escola passou a ser coordenada pela irmã Daniela Bonnello e pelo administrador Ailton Galdino de Almeida.
A iniciativa é responsável pela capacitação profissional de 1,4 mil pessoas por ano, distribuídas em 14 cursos, entre eles o de panificação e o de informática – os mais procurados. Agora, o centro pretende criar espaço cultural, com direito a computador conectado à Internet para combater a exclusão digital no bairro.
Apesar de o centro ser bastante freqüentado por moradores de outras cidades, a prioridade educativa está centralizada na população carente. Foi por isso que a escola optou por cobrar de seus alunos uma taxa de, no máximo, R$ 40. O curso de panificação e confeitaria, por exemplo, tem 300 horas/aula a um custo de R$ 20. “Se eu for comparar com o preço de outras escolas, é praticamente um presente. Para pessoas simples, é uma economia obrigatória para se tentar conseguir um espaço na sociedade. O trabalho do Padre Léo serve como exemplo. Só temos de agradecer”, disse a vendedora Maria Geralda Japona Rosa, 41.
As ações do Padre Léo não são exclusivamente voltadas à inclusão social, já que na favela do Oleoduto também funciona creche para crianças de 2 a 7 anos. “Recebemos muitas doações para a creche. A última foi um laboratório completo de odontologia. Esperamos que alguém ajude-nos a adquirir um transformador para normalizar a voltagem dos aparelhos”, afirmou o administrador do centro. Na área educacional, a coordenadoria pretende implementar curso de ensino básico nas dependências do barraco onde Padre Léo morava. “Preservamos o interior da casa a pedido da família, mas já providenciamos uma pequena sala para alfabetização em uma área desocupada”, disse.
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