A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) afirmou nesta terça-feira que a Inspeção Técnica Obrigatória – prevista desde 1997, mas que até hoje não saiu do papel – provocaria uma redução de 10% dos índices de acidente de carro. A mesma medida geraria uma diminuição de até 35% no nível de emissão de monóxido de carbono na atmosfera. Nesta terça-feira, durante o Salão Internacional de Transportes, no Anhembi, em São Paulo, a entidade fez uma simulação de inspeção em dois carros de visitantes, um táxi Quantum 1999 e um Seat Córdoba 1995. Ambos foram reprovados.

No mês passado, a Anfavea e outras sete entidades – entre elas a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego e o Instituto de Ortopedia e Traumatologia da USP (Universidade de São Paulo) – encaminharam ao governo federal um relatório pedindo urgência na implantação da inspeção. Ainda não há resposta.

De acordo com o engenheiro especialista em trânsito Roberto Scaringella, há uma relação direta entre más condições dos carros e os acidentes, o que justifica a inspeção. “Em 66% dos casos dos acidentes de carro, estão envolvidos veículos com mais de dez anos de uso, com problemas técnicos”, disse.

De acordo com dados da Anfavea, a Inspeção Veicular é realizada na Alemannha desde 1950, com periodicidade de dois anos. Na Argentina, o procedimento é feito desde 1991, com índice de reprovação de 32%.

A inspeção dura de 40 a 50 minutos e verifica 300 itens do carro, entre suspensão, freios, faróis e outros componentes. De acordo com o engenheiro Valter Sanches, do Cefet-SP (Centro de Educação Federal Tecnológica de São Paulo), a verificação seria mais abrangente do que a que é feita a partir deste ano nos carros convertidos para GNV (Gás Natural Veicular). “Nos carros à gás, são verificados 150 itens”, disse.

A expectativa é de que a Inspeção Veicular comece a acontecer até o final do ano que vem. Carros convertidos à gás só precisariam passar por uma inspeção.