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Cidades sobrecarregam Medicina ABC
Vanessa Selicani
Especial para o Diário
11/01/2007 | 23:47
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A FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) afirma que a procura por consultas nos ambulatórios da instituição aumentou porque os municípios não dão conta de atender seus pacientes.

Desde segunda-feira, a demanda pelo agendamento é cinco vezes maior que a oferta de novas consultas. Para conseguir o atendimento com um especialista, cerca de mil pessoas passam a madrugada na fila. As senhas – 200 por dia – começam a ser distribuídas às 7h e, em menos de uma hora, se esgotam.

Em entrevista por e-mail, o diretor-geral da FMABC, Luiz Henrique Camargo Paschoal, afirmou que não há, no curto prazo, como amenizar o problema das filas. A movimentação em frente ao prédio da faculdade começa ainda de madrugada; pacientes dormem ao relento para obter senha.

Nesta quinta-feira, pelo quarto dia consecutivo, a situação não foi diferente. Às 6h, a fila já dobrava o quarteirão. A maior parte das pessoas procurava por consultas com dermatologistas e na área de cirurgias plásticas.

“Cerca de 20% dos atendimentos são de fora do (Grande) ABC. Nesta quinta-feira recebemos um fax de encaminhamento (de paciente) do Acre. E 95% das consultas são feitas pelo SUS (Sistema Único de Saúde)”, explicou o diretor.

A procura pelas vagas em Dermatologia estaria relacionada aos procedimentos estéticos. A FMABC tenta junto às prefeituras da região aumentar o teto financeiro para ampliar os atendimentos na área. O Instituto da Pele deve ser duplicado em algumas semanas e promete atender a 60 mil pessoas por ano.

A filha da técnica de enfermagem Fátima Amaral Lutz tem problemas psicológicos por causa das orelhas de abano. A menina utiliza uma faixa na cabeça para amenizar o quadro e há quatro meses aguarda por uma vaga para cirurgia plástica na FMABC. “Tentei agendar uma consulta em setembro, mas não consegui. Minha filha é traumatizada”, explicou Fátima.

Nesta quinta-feira, na fila para o agendamento, a maioria era de idosos. Como o aposentado Clementino Pelegrino, 89 anos, que esperava há mais de duas horas para agendar uma consulta na Psiquiatria e conseguir receita para dois medicamentos de venda controlada.

O diretor da FMABC disse que os aposentados têm preferência na fila. “Mas o fato de muita gente chegar de madrugada foge ao nosso controle.” A FMABC atende mais de mil pessoas por dia, em suas 30 especialidades. O orçamento para este ano é de R$ 294 milhões.

“É importante que se diga que temos um teto de atendimento do SUS. Tudo o que fazemos a mais é por nossa conta, ou seja, via custeio próprio, sem reembolso do poder público”, concluiu Paschoal.
(Supervisão de Illenia Negrin)



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