A população do Jardim Caçula, em Ribeirão Pires, está insatisfeita com problema que assola o bairro há pelo menos 20 anos. Constantemente, os moradores, principalmente dos pontos mais altos, ficam sem água para realizar as atividades básicas do cotidiano, como tomar banho, lavar roupa e louça, e até beber. A alternativa tem sido investir em mais de uma caixa-d'água ou recorrer a uma bica, em caminhada de cerca de aproximadamente 20 minutos pelo mato.

A dona de casa Maria do Socorro da Silva Diniz, 63 anos, mora no local há 21 e diz que a falta de água sempre foi problema. "A gente chega a ficar até cinco dias seguidos sem água. Já precisei levar a roupa para lavar na bica", comenta. Por ser idosa e morar na parte mais alta do bairro, a caminhada até a alternativa demora cerca de 30 minutos. "Eu também armazeno água da chuva em galões para jogar no quintal e banheiros e até lavar a roupa", destaca. As duas caixas-d'água não são suficientes para suprir as necessidades das duas famílias que moram no mesmo terreno.

Quando chega a conta de água, outra surpresa. Moradores indicam que mesmo tendo ficado sem o recurso por diversos dias, a cobrança é, por vezes, o dobro do valor pago normalmente. Na residência da dona de casa Francisca Gonçalves, 48, o valor da conta pulou de R$ 70 para R$ 125,08. "A gente só pode estar pagando ar, não tem outra explicação", reclama.

Outra reclamação da comunidade é o barro que fica reservado nas caixas-d'água após o retorno da água. A dona de casa Selma Lunardi, 46, revela que fica impossibilitada de cozinhar nessas circunstâncias. "Não tem como usar essa água barrenta", destaca a moradora do Jardim Caçula há apenas três meses. "Não sabia que era assim. Tive uma surpresa desagradável", completa.

Cansada de sofrer com a intermitência no abastecimento de água, a dona de casa Marilene Vieira da Silva Alves, 45, resolveu investir e comprou mais quatro caixas para sua residência. "Hoje não fico sem, mas demorou quase 22 anos para conseguir comprar as caixas", comenta.

CONSUMO - O bairro, assim como todo o município, é abastecido pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), que informou que a região sofreu com o crescimento populacional rápido e, consequentemente, registrou aumento no consumo de água, que tende a se intensificar nos fins de semana e feriados por ser cidade turística. Para resolver o problema, está em andamento o assentamento de rede de água de 300 mm que servirá para reforçar o abastecimento do Jardim Caçula. A conclusão da obra de R$ 4,5 milhões está prevista para junho.