Nos últimos dois anos, Macri foi abandonando investimentos na Argentina, para comprar no setor de alimentos no Brasil, onde adquiriu a Adria, Abet, Basilar e a Isabella. Além disso, o Grupo pretende entrar na área de privatizaçoes das estradas brasileiras. No ano passado o Grupo Macri se desfez da "Canale", a mais tradicional marca argentina de biscoitos, para adquirir o frigorífico Chapecó, em Santa Catarina.
Hoje, o grupo obtém em terras brasileiras 52% de seu faturamento no setor alimentício.
Nao só os grandes deixam o país, mas os pequenos também: a Uniao Industrial de Corrientes (UIC) anunciou que a empresa têxtil Tipití está estudando emigrar para o Brasil, buscando melhor condiçoes fiscais e financeiras. A UIC alertou o governo federal para o que denominou de "êxodo" das indústrias têxteis para o Brasil, as quais considera "estratégicas" para a economia da província.
Perto dali, na província vizinha de Santa Fe, protesta-se por uma hipotética "invasao" de produtos brasileiros. A reclamaçao é de industriais do setor de máquinas agrícolas, que em um documento afirmaram que a chegada desses produtos provenientes do Brasil "está acabando com as indústrias da regiao". Diversas empresas do setor planejam emigrar, e já estao terceirizando parte de sua produçao no Brasil, basicamente pelo baixo custo da mao-de-obra.
Para tentar conter o "êxodo", o Banco de La Nación lançará esta terça-feira uma linha de crédito de US$ 150 milhoes, com taxas de juros de 7% e sete anos de prazo. O crédito será concedido às pequenas e médias empresas interessadas na compra de máquinas made in Argentina.
Desta forma, espera-se deter a imigraçao das empresas locais, que entre outros motivos, sao seduzidas pelos juros brasileiros, mais baixos que os da Argentina.
Além disso, o secretário das Pequenas e Médias Empresas, Guillermo Rozenwurcel, afirmou que o governo planeja uma campanha de "compre produtos nacionais". O secretário disse que as empresas pedem constantemente ajuda do governo, e que em troca, o governo pedirá colaboraçao para que comprem de provedores nacionais. "Nao será uma imposiçao por lei", disse Rozenwurcel, que afirmou que tentará convencer os empresários a contratar provedores locais, com os quais "as empresas economizarao custos de transportes e vao gerar empregos".
O secretário considera que a campanha só terá sentido se for para que os consumidores comprem produtos de qualidade igual ou superior aos importados.
A partida de empresas ao Brasil provocou o surgimento de um novo nicho de mercado: consultoras especializadas no traslado. Uma delas é a Pertierra e Associados, que já está preparando a instalaçao de 26 empresas em terras brasileiras. Na semana passada, levou um grupo de 15 empresários à Paraíba, onde foram sondar o terreno. Gabriel Di Campli, pequeno empresário do setor de plásticos, planeja mudar-se ao Brasil, e possui amigos e um sócio que foram na viagem à Joao Pessoa e Campina Grande: "foram tratados como príncipes", declarou. A consultora levará outro grupo de empresários em março.
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