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Grupo Macri vende outra empresa pensando no Brasil
Ariel Palacios
Especial para a AE
14/02/2000 | 14:51
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O Grupo Macri continua vendendo empresas na Argentina, pensando em comprar no Brasil. Desta vez, o grupo, que é um dos principais do país nas maos de argentinos, decidiu vender a empresa de lácteos "La Lácteo", localizada na província de Córdoba, onde controla 35% do mercado. Sua participaçao no mercado nacional é de 3,5%, e vende 60% de sua produçao de leite longa vida para o Brasil. Jorge Aguado, diretor da Socma, a divisao de alimentos do Grupo Macri, declarou à imprensa que nao há mais como crescer nesse setor na Argentina. "E como nao somos teimosos, decidimos sair do setor", acrescentou.

Nos últimos dois anos, Macri foi abandonando investimentos na Argentina, para comprar no setor de alimentos no Brasil, onde adquiriu a Adria, Abet, Basilar e a Isabella. Além disso, o Grupo pretende entrar na área de privatizaçoes das estradas brasileiras. No ano passado o Grupo Macri se desfez da "Canale", a mais tradicional marca argentina de biscoitos, para adquirir o frigorífico Chapecó, em Santa Catarina.

Hoje, o grupo obtém em terras brasileiras 52% de seu faturamento no setor alimentício.

Nao só os grandes deixam o país, mas os pequenos também: a Uniao Industrial de Corrientes (UIC) anunciou que a empresa têxtil Tipití está estudando emigrar para o Brasil, buscando melhor condiçoes fiscais e financeiras. A UIC alertou o governo federal para o que denominou de "êxodo" das indústrias têxteis para o Brasil, as quais considera "estratégicas" para a economia da província.

Perto dali, na província vizinha de Santa Fe, protesta-se por uma hipotética "invasao" de produtos brasileiros. A reclamaçao é de industriais do setor de máquinas agrícolas, que em um documento afirmaram que a chegada desses produtos provenientes do Brasil "está acabando com as indústrias da regiao". Diversas empresas do setor planejam emigrar, e já estao terceirizando parte de sua produçao no Brasil, basicamente pelo baixo custo da mao-de-obra.

Para tentar conter o "êxodo", o Banco de La Nación lançará esta terça-feira uma linha de crédito de US$ 150 milhoes, com taxas de juros de 7% e sete anos de prazo. O crédito será concedido às pequenas e médias empresas interessadas na compra de máquinas made in Argentina.

Desta forma, espera-se deter a imigraçao das empresas locais, que entre outros motivos, sao seduzidas pelos juros brasileiros, mais baixos que os da Argentina.

Além disso, o secretário das Pequenas e Médias Empresas, Guillermo Rozenwurcel, afirmou que o governo planeja uma campanha de "compre produtos nacionais". O secretário disse que as empresas pedem constantemente ajuda do governo, e que em troca, o governo pedirá colaboraçao para que comprem de provedores nacionais. "Nao será uma imposiçao por lei", disse Rozenwurcel, que afirmou que tentará convencer os empresários a contratar provedores locais, com os quais "as empresas economizarao custos de transportes e vao gerar empregos".

O secretário considera que a campanha só terá sentido se for para que os consumidores comprem produtos de qualidade igual ou superior aos importados.

A partida de empresas ao Brasil provocou o surgimento de um novo nicho de mercado: consultoras especializadas no traslado. Uma delas é a Pertierra e Associados, que já está preparando a instalaçao de 26 empresas em terras brasileiras. Na semana passada, levou um grupo de 15 empresários à Paraíba, onde foram sondar o terreno. Gabriel Di Campli, pequeno empresário do setor de plásticos, planeja mudar-se ao Brasil, e possui amigos e um sócio que foram na viagem à Joao Pessoa e Campina Grande: "foram tratados como príncipes", declarou. A consultora levará outro grupo de empresários em março.




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