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Dor de cabeça ataca 72% da população brasileira
Tiago Dantas
Do Diário do Grande ABC
20/11/2009 | 08:10
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Sete em cada dez brasileiros tiveram dor de cabeça pelo menos uma vez no ano passado, segundo levantamento feito pelo médico Luiz Paulo de Queiroz, pesquisador da Unifesp (Universidade Federal do Estado de São Paulo). O estudo mostra, ainda, que o número de casos de cefaleia aguda (dor de cabeça constante) no Brasil é o dobro do que a média mundial.

As causas para que esse tipo de doença afete cerca de 139 milhões de pessoas no País são diversas. Especialistas apontam o estilo de vida das grandes metrópoles e o estresse da vida cotidiana como os maiores vilões dessa história. "O ambiente em que vivemos, com excesso de trânsito, competição no trabalho e a correria do dia a dia favorece o aparecimento da dor de cabeça", explica o pesquisador Luiz Paulo de Queiroz, que apresentou o Estudo Epidemiológico Nacional de Cefaleia no Brasil como tese de doutorado na Unifesp neste ano.

Prova da influência do estresse é que a região Sudeste concentra a maior ocorrência de enxaqueca no País, onde cerca de 20,5% da população é vítima desse tipo de dor, que pode durar até três dias. Nas regiões Norte e Nordeste, áreas menos populosas do País, os casos de enxaqueca preocupam por outro motivo, na opinião de Queiroz: "Precariedade no atendimento de Saúde."

O estresse pode, inclusive, piorar um quadro leve, segundo o neurologista Abouch Krymchantowski. "Esse fator pode tanto provocar a dor de cabeça tensional episódica (que acontece vez ou outra), quanto piorar a dor tensional crônica e as crises de enxaqueca", diz o médico. "Quem não costuma ter dor frequente pode vir a ter dores episódicas em uma situação de estresse. E quem costuma ter dor crônica, no estresse pode ter agravamento da frequência das crises."

Dentro da média - Para fazer o estudo, Queiroz ouviu 3.848 pessoas, de 18 a 79 anos, em todos os Estados. O pesquisador chegou à conclusão de que 72% da população brasileira foi vítima de cefaleia, índice superior à média mundial de 70%. O levantamento mostrou, ainda, que o número de pessoas com enxaqueca chega a 15% da população - numa proporção de três mulheres para cada homem.

Com relação à cefaleia aguda, o resultado foi de 7%, enquanto a média no resto do mundo é de 3,5% da população. Esse tipo de dor de cabeça é forte e latejante ao longo de alguns dias seguidos. Cefaleia e enxaqueca representam 95% dos diagnósticos de dor de cabeça.

A recomendação do pesquisador Queiroz é para que um médico seja procurado caso a dor apareça de forma intensa pelo menos duas vezes por semana.

Automedicação pode levar à dependência e falência dos rins
Tomar analgésico comprado na farmácia sem receita médica pode até diminuir a dor de cabeça na hora. A prática contínua da automedicação, no entanto, é condenada por especialistas e considerada prejudicial à saúde.

"Além da piora da frequência em quem costuma ter dor de cabeça crônica, quem se automedica também está sujeito a vários efeitos colaterais, que podem ir desde alergias até problemas graves, como a falência dos rins", afirma o neurologista Abouch Krymchantowski.

Já o neurologista Luiz Paulo de Queiroz, integrante da Sociedade Brasileira de Cefaleia, aponta outros riscos. "Se você toma analgésicos com frequência, seu cérebro fica mal-acostumado. Em vez de combater a dor sozinho, ele pede ainda mais analgésico. É quase como um vício", afirma o autor da pesquisa Estudo Epidemiológico Nacional da Cefaleia no Brasil, publicada nas revistas Cephalalgia e no Headache Journal.

A recomendação é procurar um médico para que seja feito um tratamento com remédios que previnam a dor. Uma boa medida preventiva é praticar exercícios. "Quem faz atividades físicas tem três vezes menos chance de ter dor de cabeça", afirma Queiroz. "Além de exercícios e vida sexual regular, é importante evitar excessos, como atrasar horas de sono e refeições, principalmente se costuma ter dor frequente", opina Abouch.

Paciente tem dificuldade para se concentrar e mexer o rosto
Dificuldade para se concentrar e para realizar atividades cotidianas são as maiores reclamações de quem sofre periodicamente de cefaleia crônica e enxaqueca.

"Quando começa a doer minha cabeça, qualquer movimento que eu faço deixa a dor mais aguda: levantar da cadeira, virar o rosto para os lados. É terrível", diz a auxiliar de escritório Sandra Lopes, 32 anos, que nunca fez tratamento para a dor.

Assim como Sandra, o engenheiro Carlos Terribas, 41, afirma que compra remédios na farmácia quando a crise aperta. "Geralmente, é tomar o remédio e me deitar que a dor some", diz.

A dor de cabeça periódica, ou cefaleia, pode ser provocada pelo excesso de exposição à televisão, à tela do computador e à música alta. Dificuldade para dormir e alimentação irregular são outras causas, segundo o neurologista Luiz Paulo de Queiroz, especialista em cefaleia.

"Dor de cabeça todo mundo tem. Eu, por exemplo, se não tomo café, tenho dor", diz Terribas.




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