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Quantas Rafaelas há perdidas por aí?
Beto Silva
10/08/2016 | 07:00
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Rafaela Silva, que hoje é destaque no noticiário nacional por conquistar medalha de ouro no judô, a primeira do Brasil na Rio-2016, foi abandonada pelo poder público. Na Cidade de Deus, na capital fluminense, onde nasceu, conviveu com violência, conflito entre marginais e policiais, uso e tráfico de drogas. “A gente não tem muito objetivo lá. Só vive lá dentro, não tem muita coisa”, disse ela, após vencer na categoria até 57 kg. A família chegou a dormir sobre jornais. Era orientada pelos pais a correr para dentro de casa quando havia tiroteio. Estava fadada a ter o futuro ceifado, como 99% das crianças da comunidade. Temperamental e briguenta, Rafaela foi levada, aos 5 anos, por sua mãe na academia de judô do ex-atleta e hoje técnico Geraldo Bernardes. Ele a encaminhou para o Instituto Reação, do ex-judoca Flávio Canto (bronze em Atenas-2004). A ONG é financiada majoritariamente pela iniciativa privada. Rafaela começou a ter algum incentivo público quando os resultados começaram a aparecer, a partir de seu talento e da dedicação de voluntários e professores da instituição. Antes disso, nenhum agente governamental a enxergava. Em 2014, Rafaela gravou depoimento no qual revela apoiar a reeleição de Dilma Rousseff (PT), pois recebe o Plano Brasil Medalhas, lançado pela petista em 2012 (a judoca tinha 20 anos, hoje tem 24) e o Bolsa Atleta Pódio, de 2011 (é preciso estar entre os 20 melhores do mundo). Ou seja, o poder público abandonou Rafaela em sua formação educacional e de atleta. Quantas Rafaelas não se perdem pelo caminho, largadas à própria sorte pelas vielas da Cidade de Deus ou de Paraisópolis (São Paulo)? Mas o vídeo dela em apoio a Dilma está sendo usado politicamente, como se o governo da petista fosse o responsável pela conquista de Rafaela. Não foi. O Esporte e esportistas a salvaram. E a ajudaram a se transformar em uma campeã olímpica. Não é mérito de nenhum governo ou partido. Esses a abandonaram! “Devo tudo ao professor Geraldo”, sentenciou ela. É isso.

BASTIDORES

Efeito eleição
Sessões em Santo André têm sido relâmpago. A de ontem demorou menos de uma hora e meia. Na quinta-feira, a plenária não foi aberta por falta de quórum.

Gastou saliva
Vereador de Santo André, Bahia (DEM) ficou recluso em seu gabinete na tarde de ontem, sem ir para a sessão, inclusive recebendo pré-candidatos do partido ao Legislativo. Ele debate com correligionários qual o melhor caminho para a chapa proporcional, já que Fábio Picarelli (DEM) desistiu de se candidatar ao Paço para apoiar o ex-prefeito Aidan Ravin (PSB). Os democratas não têm chapa completa e é possível que alguns desistam. Cada um procura alternativas pessoais. Diante desse quadro, se o DEM sair sozinho pode não atingir o quociente eleitoral e ficar sem cadeira. Hoje deve sair o veredicto.

Terceira geração
Osvaldo Martins Salgado foi vereador de São Caetano por 24 anos. Seu filho, o atual parlamentar Jorge Salgado (PTB), está em seu quarto mandato. Após 16 anos de atuação no Legislativo, vai tentar experiência no Executivo, como vice no projeto de reeleição do prefeito Paulo Pinheiro (PMDB). Mas o clã não vai ficar sem representante na corrida por cadeira na Câmara. Filho de Jorge, Caio Salgado (PTB), advogado de 33 anos, vai tentar dar continuidade à trajetória política da família. Se eleito, será a terceira geração com mandato. “Será uma façanha. Vamos ver se a sociedade vai julgar positivamente a atuação que tivemos, de lealdade, respeito e muito trabalho”, diz Jorge.

Ao vivo
Depois de Paulinho Serra (PSDB) em Santo André e Alex Manente (PPS) e Orlando Morando (PSDB) em São Bernardo, ontem foi a vez do candidato a prefeito de São Caetano José Auricchio Júnior (PSDB) fazer transmissão ao vivo pelo Facebook. Os postulantes aos paços da região têm usado a ferramenta para falar com o eleitorado que acompanha as redes sociais. Foram 1.300 visualizações e 700 comentários durante os 30 minutos de “discussão de projeto para a cidade”, como frisou o tucano. 




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