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Moradia popular beneficia 12,4 mil no Grande ABC
Andrea Catão Maziero
Do Diário do Grande ABC
23/12/2001 | 18:43
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No Grande ABC, cerca de 2,5 mil famílias que residiam em favelas e áreas de risco vão passar o Natal e o Ano-Novo em casa nova, com direito a comemoração especial por verem o sonho realizado. O benefício da moradia popular atinge perto de 12,4 mil pessoas de baixa renda em três cidades da região.

As prefeituras de Santo André e São Bernardo deram direito a moradia a 1.410 famílias que moravam em seis favelas. Algumas áreas passaram por urbanização, e cada família ganhou o direito de construir ou mudar para apartamentos populares. A CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) também entregou, neste ano, 1.065 apartamentos em Santo André, São Bernardo e Diadema.

A maior urbanização entregue neste ano foi a das favelas Carminha e Detroit, em São Bernardo. Ao todo, 622 famílias receberam o kit construção para erguer um cômodo e um banheiro em um lote suficiente para um sobrado que, dependendo da necessidade de cada família, pode ter seis ou quatro cômodos.

O casal Reginaldo Batista, 29 anos, e Jovelina Francisco, 30, mudaram-se neste ano para a nova casa. “Entregaram o kit e depois fizemos um financiamento no depósito para construir mais dois cômodos”, disse Batista. Eles residiram em um barraco na favela do Carminha por 11 anos. “Só de pensar que não chove mais no quarto e que os ratos não invadem mais a casa, fico emocionada”, disse Jovelina.

Com três filhos pequenos e renda mensal de R$ 400, eles calculam que os três quartos no segundo piso devam ficar prontos em cinco anos. “Não importa quanto tempo vai demorar. O que interessa é que não corremos o risco de desocupação, porque é nossa”, disse Batista.

No Baeta Neves, 190 famílias se mudaram há quatro meses para os novos apartamentos, depois de aguardarem pela casa própria nos últimos 30 anos. A história é antiga e quem conta é o zelador José Daniel dos Santos, 44 anos. Em 1970, várias famílias construíram barracos em uma área de 10 mil m². No início da década de 80, como o proprietário exigia a desocupação, as famílias se uniram e compraram a área por intermédio da CDH (atual CDHU). No entanto, continuavam nos barracos.

“Ao todo, o terreno pertencia a 96 famílias. Como não daria para desmembrar em lotes, pensamos em fazer prédios. Passaram-se quatro anos até ganharmos o projeto e a fundação do primeiro deles”, disse Santos. O prédio, porém, não ficou pronto. “Todo mundo aqui ganha pouco e o dinheiro acabou.”

Só em 1999, com o plano PAR (Programa de Arrendamento Residencial), eles conseguiram o financiamento. “Muitos dos proprietários já tinham filhos e ficaram com outras unidades”, disse. O valor do terreno foi descontado do valor de cada apartamento – R$ 19 mil – e o financiamento foi feito pela Caixa. “Demorou quase uma vida, mas valeu a pena.” Santos, a mulher, a servente Vilma, 44, e os dois filhos compraram tudo novo. “Vamos pagar os móveis até o fim do ano que vem, mas esse é o nosso presente por todos os natais que esperamos pela casa própria.”




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