O musical, uma adaptação do romance homônimo do francês Victor Hugo (1802-1885), publicado em 1862, estreou no West End, o equivalente londrino da Broadway de Nova York, em 1985. Dois anos depois, atravessou o Atlântico e desembarcou na Broadway, onde também, e ainda, está em cartaz. A versão na língua portuguesa, cuja encenação é praticamente igual à norte-americana, é de Cláudio Botelho.
O britânico Ken Caswell, que integrou o elenco original londrino, é o responsável pelas montagens internacionais de Les Misérables. São Paulo é a oitava cidade no mundo a receber uma temporada longa – a previsão mais pessimista indica oito meses no Paramount, cuja platéia conta com 1.558 poltronas. O espetáculo já foi apresentado em 18 idiomas.
Segundo Caswell, o planejamento de uma nova montagem sempre inclui pesquisas sobre o país onde ela é realizada. “Nas primeiras semanas de ensaio fizemos um estudo sobre a situação brasileira”, afirma. Embora influenciadas pela cultura local, as montagens são padronizadas.
A preocupação de Botelho não se resumiu à tradução. “Não quis trair a composição original”, diz. “Tem de soar em português como em outros idiomas. Não há uma cor brasileira, francesa ou inglesa na montagem”, completa. A coloquialidade dá o tom da linguagem do espetáculo.
A seleção do elenco brasileiro envolveu 2,4 mil candidatos de Brasília, Porto Alegre, Rio e São Paulo, entre outras cidades. As audições necessárias para se chegar ao número final de 36 atores e 19 músicos – a partitura é executada ao vivo – consumiram 45 dias. “Em Londres, cerca de 4 mil candidatos passaram pelos testes”, conta Caswell.
Não há atores globais no elenco. “Não podemos pensar em teatro só com grandes figuras. A maior estrela é o espetáculo em si. Gostamos de trabalhar com atores jovens e não com atores com vícios”, justifica Caswell.
O musical é centrado nos personagens Jean Valjean (Marcos Tumura), Javert (Saulo Vasconcelos) e Fantine (Alessandra Maestrini). “O espetáculo traz uma mensagem de liberdade e justiça. A obra é atemporal. Todos já tiveram uma infelicidade amorosa como Fantine”, completa Caswell.
Les Misérables, que tem três horas de duração, será encenado de quarta-feira a domingo, com duas sessões aos sábados. O preço dos ingressos varia de R$ 20 e R$ 120. Por causa da infra-estrutura cênica exigida pelo musical – 100 toneladas de equipamentos, que incluem palco giratório –, ele não será apresentado em outro teatro no Brasil.
Claude-Michel Schönberg, autor da música e do libreto originais, também está em São Paulo para supervisionar o processo de montagem, responsabilidade do diretor-residente Helzer de Abreu. Billy Bond assina a direção geral da produção no Brasil.
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