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Consórcio ignora
prevenção a tragédias
Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
02/08/2011 | 07:30
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A quatro meses do início da temporada de chuvas, o Consórcio Intermunicipal ainda não tem planejamento efetivo e integrado para evitar novas tragédias naturais, como enchentes e deslizamentos - causaram seis mortes neste ano em Mauá. Em reunião realizada na manhã de ontem, representantes afirmaram que o papel da entidade é o de fornecer informações para subsidiar as prefeituras. Ou seja, ações preventivas deverão ser executadas individualmente por cada uma das sete cidades.

A falta de preocupação com ações preventivas capazes de minimizar os efeitos das tempestades não é exclusiva do Consórcio. A administração de Mauá, cidade mais castigada pelos temporais do fim de 2010 e começo deste ano, é outro exemplo. E isso fica claro no Orçamento 2011, no qual foram reservados apenas R$ 110 mil à Defesa Civil, ou 0,02% dos R$ 560 milhões.

No caso do Consórcio, a ação mais efetiva anunciada ontem é que o órgão irá gastar cerca de R$ 700 mil para equipar as defesas civis dos sete municípios. Serão adquiridas 14 viaturas - duas para cada cidade -, além de comunicadores e equipamentos operacionais. A expectativa é de que os materiais já estejam disponíveis para o próximo verão.

A aquisição, aprovada em reunião na manhã de ontem, será possível porque o Consórcio economizou a verba que seria gasta para a contratação de um radar meteorológico. Em assembleia realizada em janeiro, os prefeitos da região decidiram que a implementação do serviço seria feita pela Somar Meteorologia, que cobraria R$ 672 mil.

"Optamos por utilizar o radar meteorológico do Departamento de Águas e Energia Elétrica, que oferece o serviço sem custos. Com o valor economizado, vamos poder investir em melhorias para as defesas civis", detalhou o presidente do Consórcio, Mário Reali (PT), prefeito de Diadema.

O diretor de programas e projetos da entidade, João Ricardo Guimarães Caetano, explicou que cada Prefeitura receberá uma senha para ter acesso ao sistema do órgão estadual, que fornece dados como a previsão de chuvas, índice de precipitação e volume de água nos rios e córregos.

Uma das ações preventivas citadas por Caetano não significa de fato mais segurança para quem mora em áreas de risco. Segundo ele, técnicos das defesas civis receberão torpedos SMS (via celular) com informações sobre a possibilidade de emergências. "Isso vai nos ajudar. Em caso de risco de deslizamentos, poderemos tirar as famílias."

O diretor comentou que, além das informações brutas, as prefeituras receberão relatório com análises dos conteúdos. "Isso é importante, porque mesmo uma pessoa que não tenha tanto preparo para interpretar os dados pode tomar decisões", explicou. 

MORTES
Apenas neste ano, seis pessoas morreram em desastres ocasionados pelas chuvas em Mauá. Desse total, cinco pessoas foram vítimas de deslizamentos, sendo quatro no morro do Macuco, no Jardim Zaíra, e uma no Jardim Rosina. A outra vítima fatal foi a aposentada Antonia Avelaneda Grande, 63 anos, que morreu após ter a casa inundada, também no Jardim Zaíra.

Por causa dos deslizamentos e das enchentes, o prefeito Oswaldo Dias decretou estado de calamidade, já que aproximadamente 700 famílias ficaram desabrigadas entre dezembro e março. A Defesa Civil do Estado enviou cestas básicas e produtos de higiene e limpeza, enquanto a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano assumiu o pagamento de auxílio-aluguel.

 

Mauá fará projeto para regularizar morro do Macuco 

A Prefeitura de Mauá, em convênio com o Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal, vai desenvolver projeto para regularização do Chafic/Macuco, localidade bastante atingida pelas chuvas de janeiro, que deixaram quatro mortos.

Outro projeto para contenção de encostas também foi aprovado pelo PAC, e o contrato deve ser assinado nas próximas semanas. As casas que foram interditadas estão sendo demolidas e recebem limpeza. As áreas de córregos e rios estão sendo limpas e desassoreadas, também com vistas à prevenção de novas tragédias.

Em São Caetano, mesmo sem ter áreas de risco e ocupações ilegais, a Prefeitura já investiu desde 2009 R$ 50 milhões em obras de combate às enchentes, entre as quais, a construção de galerias pluviais e o muro de contenção em trecho da Avenida Guido Aliberti.

Os outros municípios da região não informaram as ações de prevenção contra as cheias de verão. (colaborou Maíra Sanches)




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