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Nível de emprego atinge o pior resultado do ano
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
12/09/2006 | 23:48
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A indústria paulista mostra sinais de perda de seu vigor. Pesquisa, realizada pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) apontou, em agosto, o pior índice de emprego industrial neste ano, com variação negativa de 0,26% em relação a julho. A queda no nível de ocupação, para a Fiesp, demonstra um cenário difícil para o setor empresarial, em um mês em que tradicionalmente as empresas iniciam um esforço mais forte de produção, com o objetivo de atender o varejo para o final de ano.

“Em agosto não é normal (o índice) ser negativo”, afirma o gerente do departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, André Rebelo. Segundo ele, os dados refletem o impacto da atual política monetária sobre o setor produtivo, devido ao dólar baixo e juros elevados.

Rebelo explica que embora a taxa básica (Selic) tenha caído em termos nominais – foi a 14,25% ao ano –, mantém-se elevada em termos reais (descontada a inflação). Em relação ao câmbio, o gerente observa que muitas empresas têm tido dificuldade de competir com os produtos importados e alguns segmentos têm sido obrigados a reduzir preços.

Com esse cenário desfavorável e, em conseqüência da variação negativa do indicador mensal, que significou o fechamento de 5 mil postos de trabalho no mês, a federação reduziu a estimativa para o emprego industrial no Estado de São Paulo de 2% para 1% em 2006. Por enquanto, no acumulado do ano (janeiro a agosto), a taxa está em 3,46%, com saldo positivo de 72 mil vagas em todo esse período. Mas o especialista afirma que grande parte dessas vagas são de temporários contratados no setor sucroalcooleiro, no interior do Estado, para a colheita da safra. Na comparação dos últimos 12 meses, o índice está em 1,27%, com 26 mil postos criados.

A projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) – que é a soma de toda a riqueza gerada no país – também foi revisada, para abaixo de 3% em 2006. A previsão anterior da entidade era que de que o Brasil atingiria os 3% de crescimento econômico em relação ao ano passado.

Setores – Entre os segmentos que mais foram afetados pela queda no emprego, um dos destaques é a indústria de móveis. A atividade teve em agosto variação negativa de 2,07% no indicador em relação a julho e, nos primeiros sete meses de 2006, acumula índice de -0,62%. O Grande ABC, que já foi o principal pólo moveleiro do país, ainda reúne cerca de 300 empresas desse ramo.

“O setor no Grande ABC faz móveis para a classe média, que está sem dinheiro. Nós estamos sofrendo”, afirma o presidente do Sindicato da Indústria de Móveis de São Bernardo e Região, Hermes Soncini.

O dirigente considera, que além do mercado parado, outros fatores têm contribuído para o enxugamento dos quadros de funcionários: processos de terceirização, semelhantes aos ocorridos nos últimos anos na área metalúrgica, e também avanços tecnológicos, que propiciam aumento de produtividade sem a necessidade de contratações.




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